O primeiro mangá, que é de criação do grupo Clamp, foi publicado originalmente entre 1996 e 2000, na revista Nakayoshi, da editora Kodansha (na qual também foi publicada, por exemplo, a saga das guerreiras lunares Sailormoon). O anime foi ao ar entre 1998 e 2000, e gerou dois filmes.
O sucesso foi tamanho que as autoras retornaram (mais ou menos) aos personagens no inicialmente promossor Tsubasa Resevoir Chronicles, mas constantes universos paralelos, clones, identidades trocadas, tornaram o mangá demasiadamente confuso e muito aquém de Sakura Card Captors ou de outras obras do Clamp.
As meninas do Clamp são conhecidas como as rainhas do Shoujo (embora tenham feito diversos outros estilos de quadrinhos japoneses). Shoujo, para quem não sabe, é um estilo de mangá voltado principalmente para o público feminino, com características marcantes tais como traços dos desenhos mais finos, leves e estilizados, valorizando, principalmente, as características psicológicas das personagens, seus sentimentos, conflitos pessoais e relações amorosas. É muito comum nesse tipo de mangá garotos com uma aparência andrógina, relacionamentos amorosos entre personagens do mesmo sexo e romances meio impossíveis.
Sakura Card Captors é considerado, juntamente com Guerreiras Mágicas de Rayearth e X 1999, um dos melhores trabalhos do Clamp.
A arte é primorosa e, como a maioria das artes de mangás shoujo, é delicada. A delicadeza desses traços, associada com um cuidado com os detalhes de caracterização de cada personagem (acessórios, cabelos, olhos, etc., que acabam por refletir as personalidades dos mesmos), além de uma grande exploração da linguagem de mangás (as “gotinhas”, o diálogo integrado às cenas e por aí vai), fazem de Sakura um trabalho belíssimo de se ler e se ver. Entretanto, em algumas cenas de batalha, devido ao traço fino e a uma arte-finalização mais limpa os quadros se mostram um pouco confusos.
Além disso, a caracterização psicológica das personagens também é fantástica, pois elas se apresentam como seres complexos e cheios de nuances e sutilezas. Os
relacionamentos amorosos, no mangá, são bem mais explícitos e intrincados que no anime. É bem mais evidente no mangá que no anime que Shoran é apaixonado por Yukito, ou que o que Tomoyo sente por Sakura é realmente bem mais que amizade, formando uma rede amorosa capaz de dar dor de cabeça no fã mais fiel. Também são notáveis as diferenças cronológicas ou o modo como algumas cartas foram capturadas no anime e no mangá, mas sem que isso torne um inferior ao outro. E diferente da maioria dos quadrinhos com os quais estamos acostumados, nos quais existem sempre heróis e vilões, mesmo que esses vilões sejam ambíguos, em Sakura Card Captors não temos nenhum vilão de verdade.
Meu unico porém sobre a obra é o relacionamento entre Rika, amiga de Sakura, e o professor delas, sutil no anime e mais escancarado no mangá, e que daria para ser discutido e debatido infinitamente.
relacionamentos amorosos, no mangá, são bem mais explícitos e intrincados que no anime. É bem mais evidente no mangá que no anime que Shoran é apaixonado por Yukito, ou que o que Tomoyo sente por Sakura é realmente bem mais que amizade, formando uma rede amorosa capaz de dar dor de cabeça no fã mais fiel. Também são notáveis as diferenças cronológicas ou o modo como algumas cartas foram capturadas no anime e no mangá, mas sem que isso torne um inferior ao outro. E diferente da maioria dos quadrinhos com os quais estamos acostumados, nos quais existem sempre heróis e vilões, mesmo que esses vilões sejam ambíguos, em Sakura Card Captors não temos nenhum vilão de verdade.
Meu unico porém sobre a obra é o relacionamento entre Rika, amiga de Sakura, e o professor delas, sutil no anime e mais escancarado no mangá, e que daria para ser discutido e debatido infinitamente.
Quem já viu o anime ou leu o mangá deve se lembrar (e quem não conhece, convido a conhecer), a história de Sakura é mais ou menos a seguinte: Sakura é uma menina de 10 anos que, ao abrir um estranho livro que encontrou na biblioteca de seu pai, liberta as cartas Clow, criadas pelo poderoso mago Clow. Agora, com a ajuda de Kerberus/Kero-chan, antigo guardião do lacre do livro, e de sua melhor amiga Tomoyo, Sakura deverá juntar todas as cartas ou uma grande desgraça se abaterá sobre a Terra.
Embora as cartas dêem muito trabalho para serem capturadas, ou por vezes acabem por prejudicar uma ou outra pessoa, não há porque classifica-las como malignas. As cartas ou estão confusas diante dessa nova situação de liberdade, ou não querem abrir mão dela - ou ainda querem testar se a nova card captor é digna de ser sua nova dona.
Quanto a Shoran Li, o rival de Sakura na captura das cartas (e no amor de Yukito), o único motivo de sua implicância inicial com Sakura se deve ao fato de ele não achar que ela seja forte suficiente para capturar as cartas. Ele acredita que reunir as cartas seja uma obrigação familiar, já que é descendente da família de Clow. O próprio Eriol, reencarnação do mago Clow que aparece na fase final da história, não pode ser classificado como vilão. Suas manipulações míticas visam mais a testar Sakura e auxilia-la no desenvolvimento de seus poderes que a qualquer intento perverso.
Sakura Card Captors não é uma história sobre a eterna luta entre o bem e o mal, mas uma metáfora sobre a passagem da infância para a adolescência, seus conflitos. Sobre questões como amadurecimento e aquisição de responsabilidades. É uma história sobre relações humanas. E é aí que reside seu charme. Quando Sakura abre o livro das Cartas, é como se ela se abrisse às infinitas possibilidades que a adolescência nos oferece. A captura das cartas representa as responsabilidades que essa nova fase de nossa vida nos impõe, mas ao mesmo tempo que adquirimos novas responsabilidades também nos tornamos mais experientes e mais sábios. A cada carta Clow que Sakura capturava, ela se tornava misticamente mais forte: tornava-se mais experiente e menos criança (mas sem perder as características que a faziam únicas). Ou seja, ela estava mudando como todos nós mudamos durante esse período de nossas vidas.
As dificuldades que ela passou para prender as cartas e o julgamento de Yue não são nada mais que a representação de todos os obstáculos e problemas que enfrentamos durante toda a vida. E a transformação das cartas Clow, que eram as cartas de outra pessoa, experiência vinda do meio externo, em cartas Sakura, está relacionada a um processo de reflexão no qual pegamos as experiências que o meio nos ofereceu e delas extraímos lições para nossa vida. Só depois de passar por essas transformações e por este amadurecimento é que Sakura pode se perceber não mais como uma criança, mas quase uma adulta e se permitir a amar.
Metáforas à parte, Sakura Card Captors é um dos melhores e mais poéticos mangás do Clamp e merece ser conferido (ou relembrado)
Dica de site:
Clamp Files: Um Guia sobre a obra das mangakás mais famosas do Japão
Sakura 2016
Clamp Files: Um Guia sobre a obra das mangakás mais famosas do Japão
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