quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A Filha Maluca do Papai Noel

Por Katchiannya Cunha




O natal, de uma forma ou de outra, é uma época memorável para todas as pessoas. Dentre essas "pessoas", é claro que os personagens de Histórias em Quadrinhos não poderiam ficar de fora. Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, cada um deles já estrelou uma história que se passava no Natal. Uma das mais importantes sagas dos X-Men, a Saga da Fênix, foi iniciada em uma história natalina. Já é lugar comum ver nas bancas especiais natalinos de revistas em quadrinhos infantis, como da Turma da Mônica ou dos personagens da Disney.

Portanto, já que todos adoram escrever e ler sobre o Natal, por que não criar uma revista em quadrinhos que seja somente sobre este tema? Pois essa foi a idéia de Paul Dini (roteiro) e DeStefano (desenhos), que criaram a revista Jingle Belle para a editora Oni Press.

Dini e DeStefano são conhecidos muito mais por seus trabalhos como animadores do que como quadrinistas. Dini é responsável pelas séries de sucesso da Warner baseadas em personagens da DC Comics: Batman: The Animated Series, Superman: The Animated Series, Batman Beyond, Liga da Justiça e, do prestes a ser lançado, Novos Titãs. Seu trabalho é sempre sinônimo de qualidade, sendo premiado diversas vezes. Já DeStefano é conhecido como criador do desenho Ren & Stimpy, estrelado por uma das duplas mais escatológicas dos desenhos animados: um gato gordo e seboso e um chiuaua estressado. Ren & Stimpy pode ser conferido no canal pago Nickelodeon. Se em princípio essa combinação parece um tanto estranha, dada a enorme diferença de conteúdo existente entre os trabalhos desses dois artistas, no fim das contas ela demonstra ser perfeita.

Jingle Belle conta a história da filha do Papai Noel. Imagine: ser filho do Papai Noel deve ser, provavelmente, o sonho de toda criança, certo? Afinal, milhares de brinquedos maravilhosos estariam a sua disposição todo o ano, não? Pois não é exatamente assim que Jingle Belle se sente... Afinal de contas, seu pai se preocupa muito mais com todas as outras crianças do mundo que com ela, e por mais que ela tente lhe chamar a atenção ou ajuda-lo com as encomendas de natal, as coisas sempre saem pelo avesso. Bem, apesar de se parecer uma tremenda crueldade por parte de Noel, as coisas não são bem assim...

Vamos começar do princípio... Na série, Noel era um poderoso guerreiro (!?) do Ártico que, com a ajuda de vários animais, ajudou a libertar os duendes (elves) das garras do terrível Bruxo da Nevasca. No fim, ele acaba se casando com a rainha dos duendes, se estabelece como o provedor de brinquedos no Natal e tem uma filha, Jingle. Os anos passam e Jingle se torna uma adolescente, daquelas beeeeem adolescentes mesmo.

Jingle apronta todas, fica horas pendurada no telefone, foge de casa para assistir a shows de rock dos artistas do ártico e, na melhor das boas intenções, constrói armas de brinquedo que funcionam de verdade para serem dadas às crianças no Natal. Por isso tudo foi que, durante os seus 216 anos, ganhou apenas carvão de seu pai no Natal (e meias de sua mãe).

Jingle representa de forma bem-humorada tudo aquilo que se critica no natal (o consumismo, especialmente), enquanto seu pai tenta lhe ensinar as "coisas boas" da data (paz, amor, doação, família, etc). Uma das cenas mais hilariantes da primeira série da personagem é quando ela vai ao shopping substituir seu pai (ele foi parar em uma festa judaica, graças às armações da filha). Ao invés de atender às crianças, ela leva todas para um tour no shopping, enquanto ela tentar comprar milhares de roupas e sapatos para pagar com o salário que Papai Noel não cobra do shopping quando vai até lá.

Mas uma das maiores mancadas da moça acontece quando ela se deixa enganar pelo Mago da Nevasca, dando-lhe novamente poder, de modo que ele domina novamente os duendes e Noel. É óbvio que no fim tudo dá certo, mas apesar de aprender um pouquinho a lição que seu pai quer lhe passar, Jingle continua com seu jeito destrambelhado de ser.

Entre outras confusões, Jingle já contratou a Morte como Papai Noel substituto, seja quando ela entrou para um time de hóquei e montou uma banda de rock.

Levando-se em conta o passado de animadores de seus criadores, pode-se dizer que Jingle Belle está muito mais para um desenho típico de Tex Avery (considerado um dos gênios da animação e responsável pelas melhores histórias do Droopy, fonte de inspiração dos criadores do filme O Máscara) que para um desenho da Disney. Algumas piadas são um pouco grotescas, mas só um pouquinho mesmo, nada que chegue no nível de um South Park ou até mesmo do Ren & Stimpy, do DeStephano. Por exemplo: em uma das cenas, Jingle usa feijões para impulsionar seu búfalo voador...

A empreitada deu tanto sucesso que a personagem já foi publicada diversas vezes, com desenhos de vários artistas diferentes como Sérgio Aragones (Groo), Bill Morrison (Simpsons Comics), Jill Thompson (Pequenos Perpétuos), Jeff Smith (Bone), além do próprio DeStefano, seu criador.

Se você está cansado daquelas histórias melosas que povoam as tevês, livrarias e bancas de revista nesta época do ano, com certeza Jingle Belle é a solução: uma história realmente divertida e engraçada sobre o natal. É só procurar em uma importadora de quadrinhos ou comprar a versão que a Pixel disponibilizou aqui no Brasil. Vale a pena também dar uma olhada em seu site oficial, que é bastante divertido.

No mais, desejo um Feliz Natal para todos e um ótimo 2013 (atualizando ^^). :o)

Dica de Site
http://http://www.jinglebelle.com/
Site Oficial da personagem.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Leave it to Chance

por Katchiannya Cunha



Quando em 1996 a WildStorm Productions lançou o selo Homage Comics, os leitores não esperavam menos que muita, muita qualidade, já que não era todo dia que uma mesma linha de quadrinhos tinha reunida em si profissionais do calibre de Kurt Busiek, Terry Moore, James Robinson, Paul Smith e Alex Ross. E realmente qualidade foi o que não faltou em séries como a premiadíssima Astro City, de Busiek e capas de Alex Ross, Strangers in Paradise, de Terry Moore, e Leave it to Chance, da dupla Robinson e Smith. Mesmo com a saída de Moore, que resolveu continuar sua série em seu próprio estúdio, o Abstract, o selo não perdeu força e lançou mais dois outros títulos: Damned e Desperadoes.

Enquanto Busiek contava histórias sobre uma cidade abarrotada de heróis e de seus moradores (superpoderosos ou não) e Moore falava do dia-a-dia de duas garotas comuns, Robinson juntou-se a Smith para contar as aventuras de uma garota cujo maior sonho é tornar-se combatente do sobrenatural como seu pai.

James Robinson e Paul Smith já haviam trabalhado juntos na aclamada minissérie Golden Age, sobre os heróis da DC da Era de Ouro dos quadrinhos. Enquanto Robinson é bastante conhecido pelo seu trabalho na série Starman (que teve pouquíssimos números publicados aqui no Brasil pela editora Magnum e pela Tudo em Quadrinhos), Smith é um velho conhecido dos fãs (mais antigos) dos X-Men, através de histórias publicadas em Superaventuras Marvel.





A série Leave it to Chance conta a história de Chance Falconer, uma adolescente de 14 anos filha de Lucas Falconer, o Protetor Oculto da cidade de Devil's Echo, uma cidade em que o sobrenatural é a coisa mais natural do mundo. Chance se encontra na idade em que todo Falconer começa a treinar para se tornar protetor da cidade, mas devido a uma tragédia do passado (uma batalha entre Lucas e seu arquiinimigo, Miles Belloc, custou a vida da mãe de Chance e a mutação do rosto de Lucas) Falconer não quer que a filha se envolva nos negócios da família. Ele prefere esperar que Chance se case e tenha um filho para substituí-lo (pouco machista, não?). Mas apesar da desaprovação do pai, Chance, determinada a continuar a tradição familiar, acaba se envolvendo em diversas aventuras.

Para auxiliá-la, Chance conta com a ajuda de um dragãozinho de outra dimensão chamado St. George (que lembra bastante o Lockeheed da Kitty Pryde). Esse dragão foi uma aquisição de uma das aventuras de Lucas, e ela o mantinha preso em uma gaiola enquanto tentava mandá-lo de volta para sua dimensão. Com pena do bichinho, Chance o libertou e depois disso nunca mais St. George a abandonou, além de ter salvado a vida da nossa heroína diversas vezes.



Assim como Batman, Chance também tem seus contatos na polícia. Sua "Comissário Gordon" se chama Margo Vela, policial da Unidade de Crimes Arcanos do Departamento de Polícia de Devil's Echo. Destemida, independente e corajosa, além de excelente detetive, ajudou Chance em seu primeiro caso, que envolvia o desaparecimento de um Shaman e pobres e indefesos duendes de esgoto. Desde então, a colaboração entre as duas se tornou constante. Para completar o time, temos ainda o repórter do "Devil's Echo Oracle", William Bendix, que parece ter um talento nato para solucionar mistérios e crimes sobrenaturais. Margo e William parecem ter uma indizível "queda" um pelo outro, disfarçada pelo clássico insulto mútuo, apesar de trabalharem bem juntos e se respeitarem como profissionais.

Além de tudo, Chance ainda tem o seu "Alfred": Hobbs, um mordomo inglês que foi herói na II Guerra Mundial. Conhecendo Chance desde bem pequena, é uma espécie de conselheiro da menina. Sem falar que é um excelente mecânico, tendo construído o carro voador da nossa heroína.



Nas histórias aparecem os mais variados tipos - desde sapos gigantes, feiticeiros indígenas, cultuadores de Satã que ao invés de sacrifícios humanos querem matar inocentes miquinhos, fadas, fantasmas de piratas em busca de tesouros perdidos, duendes de esgotos, zumbis com coração de ouro, enfim, coisas de dar inveja à mais louca aventura do Scooby-Doo. Isso sem falar nas homenagens aos clássicos do terror, como O Fantasma da Ópera (no caso um Fantasma de Shopping), ou a Drácula, Frankenstein, Lobisomem e a Múmia, que saíram literalmente das telas do cinema em uma das edições.

Se em Starman a fascinação de Robinson pelos quadrinhos, cinema e clima da "Era de Ouro" já estava presente, seja na caracterização de Opal City, nas contínuas referências aos super-heróis desse período ou no amor de Jack Knight por "velharias", em Leave it to Chance essa fascinação ultrapassa a referência e é visível inclusive no estilo da narrativa. O clima de mistério típico de filmes noir, o terror não sanguinariamente explícito e um ar de inocência como há muito não se via nos quadrinhos atuais lembram bastante clássicos como Tintin, Terry e os Piratas, Dick Tracy e o Spirit, do mestre Wil Eisner, ou mesmo as antigas histórias do Batman, entre outros. Essas características são muito reforçadas pelos desenhos de Smith, muito mais estilizados nessa série que na época em que desenhava os mutantes. Essa é uma daquelas raras séries em que nem o desenho nem o texto se sobressaem, mas se completam mutuamente, podendo figurar na galeria de honra de seus criadores.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Recentemente a Regina (que é a Raven do Expresso Hogwarts e uma das revisoras do Amaterasu para quem ainda não sabe) escreveu um post sobre sua vida de nerd que eu achei simplesmente fabuloso! O modo como cada uma das pequenas coisas de sua nerdice faz ela feliz.

Recomendo darem uma visitada nele AQUI.

Inspirada nesse(e empolgada pelo) post dela, resolvi ressuscitar outros que eu havia escrito um tempinho atrás sobre a nerdice de todos nós. O primeiro é uma review da série Fanboy, feita por Sergio Aragonés e Mark Evanier, e publicada anos atrás pela Brainstore. Saiu originalmente no Abacaxi Atômico.

A segunda é sobre os Homo Sapiens Quadrinisticus, que eu já havia colocado no Amaterasu um tempinho atrás.

Sem mais delongas, vamos aos textos.

Abraços,

Katchiannya

Um "herói" como você nunca viu (a não ser quando se olha no espelho)




Das páginas de uma publicação da Brainstore, surgiu, aqui no Brasil,anos atrás, um dos mais interessantes heróis dos quadrinhos: tão nerd quanto o Aranha (mas não com tanta sorte com as mulheres), com uma imaginação de fazer inveja ao Mxyzptlk, inimigo do Super-Homem, capaz de viver no mundo da Lua sem sair da Terra. É ele: Finster. Quem? Ora. Bolas, Finster, o Fanboy. Vai dizer que não conhece? Pois então prepare-se.

Fanboy é uma minissérie de três partes (originalmente seis) e também é mais uma criação da dupla Mark Evanier/Sergio Aragonés. Nenhum dos dois é desconhecido dos leitores brasileiros: eles são responsáveis pelas histórias do Groo, o bárbaro mais idiota e engraçado dos quadrinhos. Também são deles os especiais Sérgio Aragonés destrói a DC e Sérgio Aragonés massacra a Marvel, nos quais satirizam os personagens e os clichês das duas maiores editoras americanas de quadrinhos. Aragonés também é conhecido por seus trabalhos para a revista Mad e Evanier é roteirista dos desenhos do Garfield, além de também ter escrito alguns episódios do clássico Caverna do Dragão.

Em Fanboy os dois fazem uma espécie de homenagem, recheada de humor, ao mundo dos quadrinhos mas, principalmente, à figura mais importante - e muitas vezes esquecida - de toda a história das HQs: o fã. É claro que existem fãs e fãs de quadrinhos. Os graus de paixão e envolvimento com a arte seqüencial são variáveis. Existem aqueles que são fãs de determinado herói, compram quase tudo relacionado a ele, independente de quem é o roteirista ou o desenhista. Outros são, por outro lado, fãs incondicionais de determinado artista e fiéis somente a ele.

E ainda existem aqueles que são chamados de "fãs profissionais", que não se prendem a um herói ou artista, mas são alucinados por quadrinhos em geral. Sabem tudo sobre quase tudo, não apenas em termos da cronologia de determinado herói, mas também quem desenhou e escreve e quando. Identifica um artista só de bater o olho em seu desenho, e sabem exatamente todas as notícias dos bastidores da indústria, não apenas as atuais, mas aquelas que se tornaram históricas. É esse último tipo de fã que Aragonés e Evanier retratam, mas apesar disso os fãs não tão radicais também acabam se identificando com a personagem.

Na minissérie, somos apresentados a Finster, um adolescente fanático por quadrinhos. Finster é um nerd que não é cdf ou extremamente inteligente: ele pertence àquela classe de nerds que o são apenas porque são devotos fãs de coisas como RPG, séries como Star Trek ou Arquivo X e, claro, quadrinhos. No caso de Finster, os quadrinhos permeiam todos os momentos de sua vida. Para todos os problemas que vive no mundo real, ele tenta encontrar soluções baseadas nas revistas que lê - e, na maioria das vezes (pasmem), dá certo.

As personagens são intencionalmente estereotipadas. Finster trabalha numa loja de quadrinhos gerenciada por um gordão seboso visto sempre com alguma comida nas mãos. Na loja, aparecem os tipos mais variáveis como Fuinha, o ladrão de gibis, ou um político corrupto que quer se promover pregando os malefícios dos comics (tal qual ocorreu durante os anos 50 nos Estados Unidos), ou os especialistas que hiperinflacionam os preços das revistas antigas. Além disso, Finster é apaixonado pela garota mais popular da escola, Kimberly, que por sua vez sai com o capitão do time de futebol americano da escola, não por amor, mas por uma questão de autopromoção. Há também a típica professora megera e a garota doce e boazinha, Sandy, que é apaixonada pelo herói, mas ele, em sua ignorância não percebe isso. É exatamente desse exagero nos clichês das situações e na estereotipia das personagens que os autores conseguem extrair seu humor, conseguindo, ainda assim, a proeza de não soar artificial.

Outras características da série também são um achado, como, por exemplo, a forma como eles brincam com a linguagem dos quadrinhos e a forma como Finster interage com o leitor, "conversando" diretamente com ele, além de ter consciência de sua existência como personagem de HQ. Também são fantásticas as cartas de Finster, que abrem as edições, dirigidas aos leitores. Além de contextualizarem as histórias que se seguem, também dão uma visão geral da história dos quadrinhos americanos.
Mas realmente o melhor de toda a série é que, por trás de todo o clima cômico e debochado, Evanier e Aragonés conseguem abordar temas sérios: discutem a questão da liberdade de expressão versus a censura e as atitudes de certos políticos que usam a polêmica para se promover, criticam o uso da violência para resolver problemas, apregoando que a inteligência, a lógica e o raciocínio são os melhores caminhos. A maior crítica, entretanto, é para o próprio fã de quadrinhos. A questão não é a paixão pela nona arte ou usá-la como referência para suas atitudes no mundo real, a questão está em se esconder nas HQs e se esquecer de curtir as outras coisas boas da vida.

Além de todas essas qualidades citadas, existe um atrativo a mais na série: a presença de artistas consagrados que dividem o lápis com Aragonés, tais como Frank Miller, Gil Kane, Jerry Ordway, Matt Haley, Bernie Wrightson, Dave Gibbons, Brian Bolland, Kevin Nolan, entre vários outros.

Vale a pena dar uma olhada e descobrir que existe um Finster em cada um de nós.

A Evolução do Homo sapiens quadrinisticus





O Homo sapiens quadrinisticus é uma curiosa subespécie do Homo sapiens comum. Aparentemente, essa subespécie não apresenta nenhuma característica física marcante que o diferencie do resto da humanidade, nem a transformação de um Homo sapiens comum em Homo sapiens quadrinisticus pode ser prevista por cientistas ou mesmo pelos pais desse “mutante”. As duas únicas coisas certas sobre o espécime são que (1) estão espalhados pelo mundo e podem ainda ser subdivididos em (a) Homo sapiens quadrinistucis comicus, (b) Homo sapiens quadrinistucis bandes-desinéesus, (c) Homo sapiens quadrinistucis mangacus, (d) Homo sapiens quadrinistucis fumettius* entre outros (2) a segunda coisa é que é possível traçar o processo evolutivo de tais indivíduos. Tal processo é descrito logo abaixo:

Tudo começa na infância, quando os pais inocentemente compram para seus filhos revistas em quadrinhos, as “revistinhas” como eles preferem chamá-las. No Brasil, na sua maioria são revistas da Turma da Mônica, de personagens da Disney, e similares, e volta e meia, revistas de super-heróis e alguns mangás mais comerciais passam a ser incluídas no meio. Dependendo do país em que isso acontece, o nome dos títulos e formatos varia, mas são sempre aqueles considerados "gibis para crianças".

A maioria das crianças acaba por deixar para trás tais publicações, mas não o Homo sapiens quadrinisticus, Este passa a se tornar mais e mais interessado neste tipo de revista, abandonando as publicações infantis e partindo, em sua maioria, para publicações de super-heróis, quadrinhos humorísticos, histórias de aventura, ficção, faroeste, samurais, e similares. Até mesmo a alguns títulos que misturam ação com relationships ou aqueles em que os relacionamentos são o foco principal. Essas publicações são o portão de entrada, e, usualmente, são consideradas comerciais e populares.

Desse ponto, podem englobar à sua leitura os chamados “quadrinhos adultos” (no caso do Homo sapiens mangacus, ele se voltaria aos gekigás) e devoram todas as publicações nacionais que seu dinheiro puder comprar – sendo que muitas vezes precisam escolher, com tristeza, se devem gastar o money em uma saída com os amigos ou em uma revista há muito esperada e desejada.

Até aí tudo bem, a mutação ainda é incompleta, as coisas vão ficando mais sérias e mais complexas na medida que o Homo sapiens quadrinisticus passa a saber o nome de todos os desenhistas e escritores de todas as revistas que curte, além de identificar tais desenhistas só de olhar seu desenho, em casos mais avançados consegue saber até mesmo que é o arte-finalista !?

Das revistas nacionais passa a comprar importadas, pode passar horas e horas em sebos empoeirados em busca de um exemplar raro de sua revista preferida ou tentando completar sua coleção de quadrinhos – que muitas vezes ocupa mais espaço no seu guarda-roupa que as roupas propriamente ditas- e achar que essas horas no sebo foram uma das mais divertidas que já teve, e se descobre uma loja especializadas em HQ vai lá não só para comprar, mas também para trocar informações com os outros membros da espécie. È, o Homo sapiens quadrinisticus adora quando encontra outro como ele, pois nesses momentos tem a oportunidade de falar sobre seu assunto preferido sem sofrer com olhares tortos, maldosos e críticos que a maioria dos outros mortais dirige para o pobre e incompreendido Homo sapiens quadrinisticus (ele é quase sempre um perseguido, acusado de ser imaturo e irresponsável só por gostar daquilo que a maioria acredita ser “coisa de criança” -ledo engano, algumas publicações estão a quilômetros de distância de infantil...)

Muitos Homo sapiens quadrinisticus sonham em ir para os Estados Unidos, mas nada de querer ir à Disney ou à Nova York, querem mesmo é ir à San Diego ou Chicago, onde acontecem as maiores feiras do gênero. (Feiras de quadrinhos é um caso a parte, deixa qualquer Homo sapiens quadrinisticus completamente alucinado, totalmente maluquinho).

E se gostam ou preferem mangás, podem até mesmo tentar aprender japonês para ler um no original, com a desculpa, algumas vezes, de que um dia o Japão vai superar economicamente os Estados Unidos, e que só ele vai estar preparado para esse futuro.

E embora, com tantas características peculiares, e por que não dizer, esquisitas (pelo menos na opinião de uma grande parte dos adultos “normais”), o Homo sapiens quadrinisticus é um espécime muito feliz, pois não perdeu a capacidade de sonhar, viajar para terras estranhas e fantásticas apenas com sua imaginação, de ser crítico, tudo isso pelo fato de amar essa arte chamada História em Quadrinhos.

por Katchiannya (uma Homo sapiens quadrinisticus apaixonada pelo gênero)

--------------------------------------------------------------------------

*Comics são o termo usado para quadrinhos americanos, Mangás, para quadrinhos japoneses, Bandes-desinées para quadrinhos franceses e Fumetti para os italianos. Apesar de compartilharem o mesmo princípio de integração texto-imagem para contar uma história, possuem cada um particularidades de estilo


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Feitiço de Estrelas





O texto abaixo contém spoilers


Pense em todos os super-heróis que você conhece. Pensou? Com certeza, a primeira coisa em que você pensou foi em alguém vestindo um colante colorido (no máximo da diferença, um básico preto), com superpoderes ou extremamente habilidoso, que enfrenta o crime constantemente, sem nem piscar diante do perigo. Pois esqueça tudo isso, o herói de quem vamos falar é totalmente diferente do que acabamos de descrever. Para começar, Jack Knight nem tem certeza se quer ser herói ou se nasceu mesmo para isso. Tudo o que ele quer é cuidar de suas loja de antigüidades (algumas bem exóticas, por sinal), a Knight's Past, ver e rever filmes antigos no vídeo, e, quando puder, fazer uma nova tatuagem. Mas, não se engane pelo jeitão de Jack: ele é mesmo um grande herói, e, mesmo depois de ter sido finalizada há alguns anos, a revista Starman continua sendo uma das melhores e mais consagradas publicações do gênero.

Starman foi brevemente publicado aqui no Brasil, primeiramente pela Editora Magnum em 97 e depois pela Tudo em Quadrinhos (TEQ), em 99. Em ambas as ocasiões suas revistas foram anunciadas como minisséries, e nenhuma das duas editoras se dispôs a dar continuidade à publicação, o que deixou os sortudos que adquiriram as revistas com água na boca e um desejo de "quero-mais". A Panini lançou uma edição de luxo com capa dura e prometeu lançar a série de forma mais contínua, contudo nada de continuarem até o momento.

A série foi escrita pelo talentoso escritor inglês James Robinson, cujos alguns dos trabalhos mais conhecidos são as duas minisséries Bruxaria, estreladas pelas Irmãs-Destino (personagens da série Sandman), Gavião Negro, Sociedade da Justiça e pelo período em que roteirizou as aventuras dos WildCATS, de Jim Lee. Robinson também trabalhou na Dark Horse (em histórias do Exterminador do Futuro), na Marvel (67 Seconds), e é autor da aclamada minissérie A Era de Ouro, que figura ao lado de Watchmen como uma das melhores histórias de super-heróis já escritas, e da simpática série Leave It to Chance, sobre uma adolescente metida em confusões com o sobrenatural.

Robinson começou a escrever Starman junto com o desenhista Tony Harris, criando Jack Knight, filho caçula do Starman original, Ted Knight. Jack já havia aparecido brevemente na série Zero Hora (1994), mas é em sua própria série que realmente passamos a conhecê-lo.

Mas o que Starman tem de tão especial? Bem além de ser uma série bastante premiada e consagrada nos Estados Unidos, ela é extremamente bem escrita, empolgante e cativante. Profundo conhecedor da história das HQs da DC, especialmente do período da Era de Ouro, Robinson constrói uma trama extremamente bem amarrada, na qual desde o primeiro número praticamente todos os detalhes da história de cada edição são importantes para a compreensão da história como um todo, como um enorme quebra-cabeças que aos poucos vamos montando. Além disso, ele teve a brilhante idéia de não desprezar as versões anteriores dos heróis, mas sim utiliza-los e interliga-los como se fossem uma grande e tradicional dinastia de heróis, tendo o primeiro Starman, Ted Knight, como seu patriarca.

Ademais, sua construção das personagens e de suas interrelações é impecável. Especialmente com relação ao protagonista, Jack Knight. Jack é a encarnação de quase tudo que um fã fanático e colecionador deve ser (coisa que a maioria dos leitor de quadrinhos é). Fanático por filmes antigos, especialmente filmes de horror B, e qualquer coisa antiga que seja colecionável (aliás, meio pelo qual se sustenta, já que é dono de uma loja de antiguidades, a Knight's Past), Jack é um cara descolado, que nunca quis ser super-herói, tem problemas com o pai e o irmão, é meio galinha mas ao mesmo tempo romântico, dá uma de durão, mas no fundo tem um coração de ouro. Enfim, um ser humano cheio de qualidades e defeitos como qualquer um de nós. Não dá para o leitor deixar de se identificar com ele.

Jack Knight é quase um alter-ego de James Robinson: ambos são fanáticos por cinema, em especial filmes antigos, além de Jack ser fascinado por antigüidades, enquanto Robinson é um apaixonado e profundo conhecedor da história da DC Comics e suas "antigüidades".

Como eu já disse, Jack nunca sonhou em ser um herói e continuar a tradição da família. Pra falar a verdade, achava esse lance de colante colorido o cúmulo da baranguice. Mas por força das circunstâncias, acaba tendo que assumir o manto de Starman, pois seu irmão mais velho, David, que era o herói da família na ocasião, é assassinado logo no início da série pelo filho do Névoa, um antigo inimigo de seu pai. Tudo isso era só parte de um plano maior do vilão: seus filhos, Kyle e Nash, destruiriam tudo o que Ted Knight amava e representava. E apesar de se tornar um herói, Jack Knight continua abominando uniformes de super-heróis; no máximo, se permite a uma jaqueta com uma estrela de xerife (dessas que vem em embalagem de cereal norte-americano) e óculos de proteção. Depois de derrotar o vilão e seus filhos, Jack, meio que a contragosto, continua seu trabalho como super-herói.
Mas na opinião dele, patrulhar cidades nem pensar: isso é coisa para a polícia, heróis são para situações de crise. E, como o próprio Ted costuma dizer, heróis atraem crises. Além disso, depois de se tornar herói, Jack não aprende de uma hora para a outra a ser um herói completamente seguro de si e profundo conhecedor de seus poderes. Ele vive metendo os pés pelas mãos e, apesar dos acertos, continua sem ter certeza se quer ser herói ou se nasceu mesmo para isso, o que dá certa consistência e credibilidade para a personagem.

E não é apenas a personagem principal da série que é bem construída e trabalhada: as coadjuvantes também se mostram bastante interessantes. Todas elas, mesmo as que não foram originalmente criadas por Robinson, são tão ambíguas, humanas e cheias de nuances como qualquer um de nós. Merecem serem citados Nash, a filha do Névoa, no início uma garota tímida e retraída, que se torna uma psicopata obcecada por Jack; Shade, um vilão mais ou menos regenerado; dos O'Dare, uma família de policiais, cuja amizade com os Knight vem da época em que Ted era herói; e Sadie Falk, o interesse amoroso do herói, que esconde um surpreendente segredo. E é claro, toda a galeria de antigos Starmen, que direta ou indiretamente estão ligados a Jack. Por isso mesmo vale a pena falar um pouco sobre cada um deles.

O primeiro Starman foi Ted Knight. Criado por Gardner Fox e desenhado por Jack Burnley, fez sua primeira aparição na revista Adventure Comics #61. Ted era um astrônomo, inventor, cientista, que construiu um bastão que conseguia absorver poder das estrelas, o bastão cósmico. Percebendo o constante surgimento de heróis e inspirado por sua prima, Sandra Knight (também uma heroína conhecida como Lady Fantasma), ele resolveu se tornar um herói, usando um uniforme vermelho com uma estrela como símbolo. Tornou-se membro ativo da Sociedade da Justiça - SJA, 1º grupo de Heróis da DC, junto com Homem-Hora, Flash, Mulher-Maravilha, Dr. Meia-Noite, Sandman, cujas histórias eram publicadas na revista All Star Comics. Ted Knight chegou a ter suas histórias publicadas no Brasil com o nome de O Estrela, na revista O Guri, a partir de 1943. Pela atual cronologia da DC, Ted ajudou a criar a bomba atômica durante a 2º Guerra e depois disso entrou em uma crise de depressão, chegando inclusive a ser internado em manicômios. Ele então abandonou o período de luta integral ao crime e se casou com Adele Doris. Durante a famosa Crise nas Infinitas Terras voltou à ativa, e foi jogado, junto com outros membros da SJA, no limbo para lutar no Ragnarok - para quem não sabe, a versão do fim do mundo na mitologia nórdica. Esse fato vai ser brevemente citado na revista Sandman, no arco de história Estação das Brumas. David então se tornou Starman, até que a SJA voltou do limbo em Armageddon: Inferno, publicada na Superpowers# 31. Com os eventos da minissérie Zero Hora, Ted foi envelhecido numa luta contra o Extemporâneo e aceitou David como seu sucessor.

O segundo Starman surgiu em 1951 do Universo DC, mas teve uma curta carreira. Foi publicado na Starman 80 Page Giant #1, e seu uniforme remete a uma antiga história do Batman, em que Bruce Wayne passa a ter fobia de morcegos e luta contra o crime usando o uniforme de Starman. Mas no decorrer da série, acabamos por descobrir que esse Starman é muito mais próximo da família Knight do que supomos.

O terceiro Starman, publicado pela Abril com o nome de Zênite, era o extraterrestre Mikaal Tomas, criado por Gerry Conway e Mike Vosburg. Veio para a Terra como membro de uma tropa invasora do planeta. Ele e sua namorada Lyysa passaram a lutar ao lado dos terráqueos, mas ela morreu e ele passou a viver na Terra. Acabou se envolvendo com drogas nos anos 70 e desapareceu, surgindo anos depois (1988) acorrentado, drogado e com amnésia em um circo de aberrações, sendo resgatado por Jack e tornando-se membro adotivo da família Knight.

O quarto e o quinto Starmen foram, respectivamente, o Príncipe Gavyn, criado por Paul Levitz e Steve Ditko, e Will Payton, criado por Roger Stern e Tom Lyle. Um era príncipe alienígena e foi atirado no espaço após sua irmã assumir o trono. Foi então resgatado e treinado por M'ntorr, de quem recebeu braceletes especiais que canalizavam energia cósmica, redirecionando-a como raios de calor ou energia. Acabou sacrificando sua vida para salvar seu planeta na Crise das Infinitas Terras. O outro era o jovem Will Payton, que ganhou seus poderes enquanto acampava e foi atingido por um raio vindo do céu. Algumas de suas histórias foram publicadas na DC 2000. Chegou a cruzar com David, em Opal City, na época em que este também usava o codinome de Starman. Foi dado como morto durante uma batalha com o vilão Eclypso. Entretanto, ele estava vivo e preso - pasmem - no planeta de Gavyn.

Em histórias não publicadas aqui no Brasil, descobrimos que Sadie Falk (que apareceu rapidamente por aqui em umas das revistas Starman da TEQ), namorada de Jack, é na verdade Jayne Payton, irmã de Will. Ela o convence a ir para o espaço, junto com Mikaal, resgatar Will. Descobrimos, no entanto, que quando o Príncipe Gavyn morreu, ele foi atraído para a Terra pelo bastão cósmico de Ted e se encarnou em Will quando ele foi atingido por um raio, ou seja, Will teria morrido e Gavyn assumiu seu lugar (ou não?). Robinson não deixa isso muito claro, e o próprio Will não aceita essa explicação. É provável que as memórias de Gavyn tenham sido implantadas em Will pelo M'nttor.

O sexto (e não menos importante) Starman foi David Knight, cuja primeira aparição se deu na revista de Will, a Starman v.1 #26 (1990). É o filho mais velho de Ted Knight, e morreu nas primeiras páginas de Starman v.2 #1. Em vida não foi muito amigo de Jack, chegando a ter inveja dele, mas agora, depois de morto, faz visitas anuais ao irmão, nas histórias conhecidas como Talking With David. A primeira delas sai aqui no Brasil na Starman #1, da TEQ.

O interessante é a forma como Robinson liga a história de todos os antigos Starmen com a de Jack. Jack é filho do primeiro, irmão do sexto, amigo do terceiro e cunhado do quinto (ou quarto, depende do ponto de vista) Starman !!!

Mas o que faz de Jack tão único e especial é sua própria personalidade: ele não é um cara super-certinho e extremamente rígido em questões éticas, ou um cara atormentado por seus demônios interiores, é só um cara comum, cheio de defeitos e dúvidas, capaz até de fazer besteiras por "um rostinho bonito", como ele mesmo diz. Igualzinho a qualquer leitor de HQ.

Se todas as informações acima ainda não te convenceram do quanto as aventuras de Jack Knight são especiais, tem ainda a arte do desenhista Tony Harris, mais estilizada que os desenhos de quadrinhos convencionais, e que ajuda a criar um clima envolvente para a história. A série já foi encerrada nos Estados Unidos na edição 75, não por uma baixa de vendas, mas porque Robinson também é adepto da teoria de que uma boa história tem começo, meio e fim, tecendo uma trama que de tão bem trabalhada e detalhada dispensa qualquer continuação.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

As Várias Faces da Morcega

Por Katchiannya Cunha

Aproveitando os 70 anos do Batman neste mês, nada melhor do que fazer uma retrospectiva sobre uma das mais marcantes presenças femininas no universo do Batman: a Batgirl. Abordar a Batgirl apenas como a contraparte feminina do Cavaleiro das Trevas significa empobrece-la, além de ignorar toda uma riqueza de detalhes referentes não apenas a personagem propriamente dita, mas também em relação à mudança da concepção de heroína através dos anos.

Quando se pensa ou se fala em Batgirl, a primeira personagem que nos vem à cabeça é a marcante Barbara Gordon, mas o que pouca gente sabe é que antes dela existiram outras "batgirls". Já aquelas que a sucederam ainda estão frescas nas memórias dos leitores. A primeira "batgirl" não usava essa alcunha, era chamada de Batwoman. Ela não é muito conhecida no Brasil, embora talvez alguns compradores da antiga Coleção Invictus, da Nova Sampa, podem acabar se recordando dela.



O nome verdadeiro de Batwoman era Kathy Kane, numa explícita homenagem a Bob Kane, o criador do Batman. Criada no final dos anos 50, Kathy era a dona de um circo que se muda para Gotham City após herdar uma fortuna. Dividia uma tediosa vida de socialite com a excitante carreira de vigilante durante a noite. Como muitas heroínas da Era de Ouro (a Phanthom Lady, por exemplo), Kathy se tornou heroína muito mais por uma questão de diversão que por um desejo de fazer justiça. Além de ser uma exímia trapezista, Kathy se valia de alguns acessórios bastante peculiares para lhe auxiliar nos combates contra o crime, tais como o pó-de-arroz e batons explosivos. Ocasionalmente, era utilizada como objeto de interesse romântico de Batman. Depois de um tempo, a personagem acabou se aposentando e voltando para o circo. Fez aparições periódicas nos quadrinhos até os anos 70.

A primeira personagem a realmente usar o codinome Bat-Girl (embora grafado com hífen) foi Betty Kane, sobrinha de Kathy Kane. Betty fez poucas aparições nos quadrinhos, durante a década de 60, mas o suficiente para não ser esquecida e ganhar uma reformulação após a Crise nas Infinitas Terras. Sua motivação na luta contra o crime não era muito diferente da de sua tia, somando-se a isso um desejo de impressionar Robin, por quem tinha uma quedinha. Sempre que visitava Gotham, juntava-se a Kathy em suas aventuras.


Agora praticamente relegadas ao limbo, Kathy e Betty surgiram no bat-universo, segundo as más línguas, para afastar os rumores sobre uma relação homossexual entre Batman e Robin - o que foi insinuado pelo psiquiatra Fredric Wertham em seu livro Seduction Of The Innocent (1954), uma das "bases" que impulsionou uma caça às bruxas contra o gênero na época. Enquanto Kathy Kane, até recentemente, acabou por desaparecer quase que completamente do atual universo DC, Betty Kane se transformou. Passou a se chamar Bette Kane (com "e" no final, notem a "grande" diferença) e assumiu a identidade de Flamebird. Chegou a fazer parte de uma facção dos Novos Titãs e continuava a ter uma quedinha por Robin (Dick Grayson), agora conhecido como Asa Noturna, agora mais na base da tietagem. Depois de conhecer seu herói, percebeu que as coisas não eram como desejava. Curiosamente, seu nome pós-Crise está intimamente ligado como o novo codinome adotado por Grayson. Nightwing e Flamebird eram os nomes de dois heróis kriptonianos que habitavam a cidade engarrafada de Kandor, e que também desapareceram durante a Crise. No Brasil eles eram conhecidos como Asa Vingadora e Sólaris (nada a ver com o ex-integrante dos X-Men, que é de outra editora XD). Como Dick já havia assumido o nome de Nigthwing, nada mais lógico para os roteiristas que seu antigo "amor" pré-Crise... adquirisse a alcunha do outro kriptoniano.

A terceira Batgirl é a já citada Barbara Gordon. Sua primeira aparição nas revistas em quadrinhos se deu na revista Detective Comics # 359 (1966). Nessa história, Barbara estava se preparando para ir a uma festa a fantasia vestida de Batgirl, quando no caminho impediu que o vilão Killer Moth e sua gangue seqüestrassem Bruce Wayne, o Batman. Quase simultaneamente a personagem surgiu na série de tv do Batman, sendo interpretada por Yvonne Craig. Originalmente concebida como filha legítima do Comissário Gordon, Barbara era uma jovem bibliotecária quando não estava lutando contra o crime. Durante um período, suas aventuras estavam atreladas às da dupla dinâmica, mas com o passar do tempo foi adquirindo mais independência, força e personalidade. Passou a estrelar mais aventuras solo, ou em parceria com a Supergirl/Kara Jor-El. Também se tornou congressista, atuando fora da esfera de Gotham City.



Após a supra citada Crise..., alguns aspectos de sua vida foram alterados, embora não muitos. De filha legítima de Gordon, passa a ser sobrinha e filha adotiva. Seu pai passou a ser o irresponsável e viciado irmão de Gordon, morto em um acidente de automóvel com a esposa.

Depois de anos lutando contra o crime, ironicamente ficou paraplégica quando o Coringa a baleou estando ela sob a identidade de Barbara Gordon - e ele, sem saber que ela também era a Batgirl. O vilão foi até a casa do Comissário para seqüestra-lo e assim comprovar sua teoria de que qualquer homem bom pode se tornar vil e louco, se submetido a um dia desesperadamente ruim. Essa história foi mostrada no especial A Piada Mortal, escrita por Alan Moore, e considerada uma das melhores do Batman.

Decidida a continuar atuando como heroína, Barbara assumiu o codinome de Oráculo e passou a ajudar os mais diversos heróis do Universo DC utilizando os mais complexos computadores e suas habilidades de hacker. Começou trabalhando com o Esquadrão Suicida e já fez parte da Liga da Justiça. Atualmente, ajuda Batman e os demais vigilantes de Gotham nas mais diversas missões.



Uma versão de Barbara, como Oráculo, pôde ser vista na telessérie Birds of Prey, interpretada pela atriz Dina Meyer.

Outra Batgirl que deve ser citada (essa, infelizmente) é Barbara Wilson, que apareceu no filme mais trash (e mais odiado) da série cinematográfica do morcego, Batman e Robin. Interpretada por Alicia Silverstone, Barbara era a sobrinha de Alfred Pennyworth e ajudou Batman e Robin no combate contra Mr. Freeze, Hera Venenosa e a versão tosca e burra de Bane. Da contraparte quadrinística foram preservados seus conhecimentos em computação e seu lugar de interesse romântico de Robin (Chris O´Donnell). Seu uniforme é baseado no da Caçadora.



Falando na Caçadora, é ninguém menos que ela a assumir o manto de Batgirl depois de Barbara Gordon nos quadrinhos.

Nos quadrinhos é conhecida como Helena Bertinelli. Vinda de uma das mais importantes famílias de mafiosos de Gotham, viu os pais e o irmão serem assassinados diante de seus olhos quando criança, devido a uma desavença entre os clãs. Adulta, tornou-se a vigilante Caçadora para lutar exatamente contra as pessoas com quem conviveu durante toda a vida. Mais radical e sanguinária que o Batman, freqüentemente eles entram em conflitos ideológicos. Mesmo assim, Helena busca a aprovação do Morcego, apesar de negar isso.



Helena Bertinelli se tornou a Batgirl durante a saga No Man's Land (Terra de Ninguém), publicada em formatinho e na série Premium pela Editora Abril. Durante a Terra de Ninguém, Gotham, depois de ser vítima de vírus letais e terremotos, foi isolada do resto dos Estados Unidos, regredindo a um cotidiano quase medieval. Com a demora de Batman em auxiliar sua cidade, Helena passou a agir como Batgirl, sem deixar sua identidade de Caçadora de lado, tentando-se valer do mito do Morcego para salvar a cidade sem permissão de Barbara Gordon ou do Batman. Inicialmente após seu retorno, Batman a aceita no cargo, apesar da oposição de Barbara. Entretanto, após um erro fatal, Batman passa o uniforme de Helena para uma nova Batgirl.

No seriado Birds of Prey, a Caçadora é Helena Kyle (Ashley Scott, Inteligência Artificial). Criada por Barbara Gordon, viu sua própria mãe ser morta quando criança. Na realidade, ela é filha de Bruce Wayne, o Batman, e de Selina Kyle, a Mulher Gato. Possui poderes "felinos" como visão noturna, força e agilidade sobre-humanas.

Originalmente nos quadrinhos, muita gente não sabe mas a Caçadora era mesmo filha do Batman e da Mulher Gato. Antes da Crise nas Infinitas Terras, que deu uma "ajeitada" na cronologia da DC, Helena Wayne habitava a Terra 2. Era advogada durante o dia e vigilante durante a noite. Sua mãe, já casada com Bruce Wayne, foi assassinada por um ex-comparsa de seus tempos de Mulher-Gato. Seu pai, após a morte da esposa, tornou-se comissário de polícia e morreu numa missão, durante o breve período em que voltou a agir como Batman. Helena morreu durante a Crise Crise nas Infinitas Terras



A sucessora de Helena foi a adolescente Cassandra Cain, que durante a Terra de Ninguém era uma dos operativos de Oráculo na cidade. Filha adotiva do assassino de aluguel David Cain, ela foi treinada por ele para ser uma máquina humana assassina. Para isso, ela aprendeu apenas a identificar a linguagem corporal, não conhecendo em princípio nenhuma linguagem verbal. Graças a um telepata aprendeu a falar, mas perdeu momentaneamente suas capacidades de leitura corporal. Recuperou-as graças a Lady Shiva, a mais mortal lutadora de todo o mundo, com a condição de que futuramente elas lutassem novamente. Possui uma personalidade meio autodestrutiva, apesar (ou quem sabe por causa) de todo o seu talento como combatente do crime. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de ter, aos nove anos de idade, matado um homem estando sob influência do pai, o que fez com que ela fugisse dele e jurasse nunca mais matar.

Cassandra abandonou o manto de Batgirl recentemente, após a saga Rest in Peace (atualmente sendo publicada no Brasil).

No lugar dela surgiram duas novas Batgirls.

A primeira é Charlotte "Charlie" Gage-Radcliffe, que apareceu primeiramente em um arco da série Birds of Prey escrito por por Gail Simone. Ao contrário da maioria das Batgirls, Charlotte possui super-poderes, tais como superforça, teletransporte e fator de cura. Depois de um encontro com Barbara, ela acaba deixando o codinome de Batgirl e passa a se chamar Misfit/Marginal (usando um uniforme que ainda lembra o antigo uniforme de Gordon, o M estilizado muito parecido com um morcego). Ela faz parte das Aves de Rapina e dos Novos Titãs.




A segunda e atual Batgirl é Stephanie Brown, que herdou a alcunha diretamente de Cassandra Cain. Filha de um super-vilão, Mestre das Pistas, Steph - para os íntimos -iniciou sua vida de super-heroína com o codinome de Salteadora (Spoiler), e, no meio do caminho acabou por se envolver romanticamente com Tim Drake (o terceiro Robin).




Acabou por descobrir que estava grávida de um ex-namorado, chamando a atenção para o tema "gravidez na adolescência" fazendo com que "Robin" fosse aclamada como a melhor série contínua do ano pela Wizard Magazine na época. A criança acabou sendo dada para a adoção.

Assumiu o papel de Robin por um tempo, enquanto Tim Drake esteve afastado, e havia sido dada como morta durante um breve período.




O time das "mulheres-morcego" foi novamente reforçado pelo retorno da Batwoman. Primeiramente na animação O Mistério da Mulher Morcego (2003), onde três mulheres, Sonia Alcana (detetive da polícia), Roxanne Ballantine (técnica de informática das Wayne Enterprises) e Kathleen Duquesne (filha de um mafioso) alternam no papel de heroína, com o intuíto de se vingarem do Pinguim, de quem foram vítimas.

Nos quadrinhos, a nova Batwoman é Katherine "Kate" Kane, herdeira de uma das famílias mais ricas em Gotham City. A personagem chamou a atenção da mídia mundial por sua orientação sexual. Kate Kane é lésbica e é ex-amante da detetive Renée Montoya.



Após essa retrospectiva sobre as bat-heroínas não há como não afirmar que, apesar de muitas terem sido aquelas que usaram o nome de Batgirl, cada uma refletindo o período em que foram concebidas, todas acabaram por se mostrar como mulheres de grande importância e destaque na vida do Homem-Morcego. Pensar na mitologia de Batman sem levar em conta a(s) Batgirl(s) é deixar de fora um importante (e charmoso) pedaço da história.


Nota: Para quem não sabe, a saga Crise nas Infinitas Terras (publicada em 1985, escrita por Marv Wolfman e desenhada por George Perez) teve como função arrumar o balaio de gatos que se tornou a cronologia da DC, com suas centenas de Terras paralelas. As Terras foram fundidas numa só, e muitos personagens morreram ou foram alterados.

Matéria revista e ampliada, publicada originalmente no site Abacaxi Atômico em 2004:
(http://www.abacaxiatomico.com.br/obalaio/kingdom/antigos/frame20021117.htm)


Na próxima semana, ainda em clima de Bat-comemorações, mais uma retrospectiva sobre a mais famosa arqui-rival do Morcegão: Mulher Gato

Exposição Batman 70 anos: uma homenagem



Exposiçãot
Clique para ver ampliada

Palestra
Data: 24 de novembro de 2009
Horário: 19h
Local: Teatro da Biblioteca (Praça da Liberdade, 21)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Entrevista com Robson Reis, de Crepusculinho (por Katchiannya)




Sei que estou começando o artigo de modo absurdamente clichê, mas não vejo outra maneira de começar, portanto, se vocês não fizeram uma viagem forçada para Marte ou qualquer outro planetinha fora dos confins do nosso azul terrestre certamente ouviram falar de Crepúsculo (Twilight), a série de romances teen estrelada por vampiros e lobisomens escrita pela Stephanie Meyer.

Talvez, algum dia eu possa fazer as minhas reflexões sobre os livros (e o mar de pró e contras apaixonados de defensores e detratores), contudo, hoje estou aqui para falar de outra coisa.

A série, sendo um imensurável sucesso, acabou gerando infinitos derivados, incluindo, claro, fanfics (eu recomendo esta aqui:New Dawn) , fanarts e sátiras, um trabalho acabou ganhando imenso destaque entre os fãs: as tiras Crepusculinho, criados por Robson Reis.

Para quem ainda não teve a oportunidade, Crepusculinho ou Twilittle, satiriza de forma muito divertida, as desventuras de Edward Cullen, Bella Swan e todo o elenco de personagem da saga Twilight.


Contudo, Robson Reis é muito mais que Crepusculinho. Ele é praticamente um “homem-bombril”, pois além de desenhar, escrever, faz toy arts personalizados, esculturas e muito mais.

Um dos primeiros trabalhos dele foram os fanzines Sérebro e Neurônio, que podem ser encaradas como uma versão “otaku” e tresloucada das sátiras Mad. Traduzindo, são paródias absurdas de animes e mangás, como Dragon Ball, Samurai X, Sailormoon, juntado também filmes de sucesso como Matrix.

Enfim, acho que estou me alongando demais e é melhor passar a palavra para o nosso convidado de honra. Com vocês, Robson Reis:


KATCHIANNYA:Fale para gente um pouco sobre você e o seu trabalho.
ROBSON: Eu sou uma das pessoas que vão dominar o mundo, sou um nerd comtemporâneo hehehe. Sabe essas pessoas que falam de praticamente qualquer assunto, sou informado, mas vai saber mesmo de quadrinhos e cinema. Adoro desenhar desde sempre, não lembro de mim sem ser desenhando ou pensando em desenhar, sempre preferi desenhar mulheres que super heróis, e depois descobri que a maioria dos desenhistas tinha dificuldade de desenhar mulher e achei entranho, também sempre adorei desenhar mãos e pés e quase todo mundo odeia. Ou seja, eu sou estranho dentro do grupo que já é considerado estranho.
Por muito tempo trabalhei fazendo trabalho freelance para quem pagasse mais (mercenário ilustrador ?) depois comecei a fazer charges em jornais da região e a dar aulas de mangá, já que quando teve o BooM dos mangás em 2000 eu era um dos poucos da região que entendiam do assunto e sabiam desenhar no estilo. Logo depois comecei a trabalhar numa agência de publicidade e fiquei até 2007 quando resolvi sair para fazer trabalhos próprios. Agora em 2008 fiz Crepusculinho e as pessoas me conhecem, mas a tirinha em que eu estava me empenhando em divulgar era uma chamada Orkutonauta, Crepusculinho foi uma brincadeira que agradou e cresceu...Ou seja, o público que manda.




K: Como surgiu a idéia de criar o Crepusculinho?
R: Crepusculinho surgiu da minha necessidade primária de fazer piada de quase tudo. Assim que terminei de ler o livro já veio na cabeça que tinha muito material para ser zuado, porém, sabia que existia uma legião de fãs e pensei....Vão me linchar, fiz duas tirinhas e ia ficar só nisso mesmo. Mandei pra uma amiga que tinha lido Crepúsculo, ela viu e falou para eu mandar pra sessão de fanart do Foforks, mandei e já vi que minha morte estava perto e... Adoraram as tirinhas e pediram em massa para que eu entrasse (no site)

K: Pelo que eu conheço do seu trabalho, você consegue ter uma versatilidade de estilos, em Sérebro e Neuronio, seu traço é mais próximo do mangá, no Crepusculinho puxa para o cartoon e o Orkutonauta é completamente estilizado. Tem algum estilo de desenho que você prefira fazer? Algum que você ache mais “Robson Reis”?



R: Eu gosto de um estilo hibrido mesmo meu mangá tem muito de cartoon e vice versa, mas se reparar bem meu traço lembra mais traço de desenhos da Disney, que foi algo que li muito quando criança, adorava as histórias do Tio Patinhas e só recentemente fiquei sabendo que elas tem uma enorme importância no mundo dos quadrinhos, principalmente as de Carl Barks, que eram as minhas preferidas. Vendo desenhos animados eu assimilei muito dos traços, posso até dizer que minha versatilidade vem de desenhar vários estilos apresentados em desenhos animados.

K: O quanto a sua vida pessoal influencia nas histórias que você escreve e ilustra, e vice versa?
R: Quase nada, eu não sou muito auto- biográfico, gosto mesmo de inventar histórias. Tem vezes que eu pego a vida dos outros e uso de referência. Uma coisa é certa sempre tem um personagem que sou eu. No Crepusculinho eu me personifico no Nenão (a versão do Emmet Cullen)


K: Quais seriam as principais influências no seu trabalho?
R: Desenhos animados e filmes, eu sempre tentei fazer desenhos que lembrassem essa mídia. Depois que comecei a identificar autores, desenhistas, comecei a desenhar de modo bonitinho com uns 4 anos, com 6 já conseguia fazer desenhos iguais aos dos gibis da Disney, com falta de técnica, mas iguais. Com uns 12 anos que comecei a saber que existiam grandes desenhistas e criadores como Jack Kirk, Stan Lee. Me influenciei muito antes do boom dos mangás pelo traço japonês. Adorava o desenho animado do Rei Arthur que passava no SBT, e tentava misturar o traço com o americano. Quando eu tinha uns 16 anos muita gente perguntava se eu era fã do Joe Madureira por eu apresentar um traço hibrido, mas eu nem sabia quem era o cara. Depois que fui ver que tínhamos semelhanças e tratei de acabar com elas. Adoro o traço do Sr. Kubert e do Sal Buscema, e do John Romita pai e do Junior e como eles resolvem as situações de modo simples e eficaz. Acho muito legal resolver questões de desenhos com poucos traços mas de modo limpo e bem feito. Adoro Will Einsner e como trabalha luz e sombra. Gosto de preto e branco. Adoro o trabalho da Clamp e do Eichiro Oda (One Piece) acho que o traço dele é louco, mas transmite muita emoção, que se perdeu no anime. Takehiko Inoue tem um trabalho puxado mais pro realista e seu trabalho no Slam Dunk e Vagabond me agrada também. Mas tenho um carinho especial pelo trabalho de Carl Barks e seu pupilo Don Rosa. E adorava o traço das histórias da Tina da década de 80, aprendi desenhar mulher ali. Pena que pela política de fazer crer que o Maurício de Souza desenha tudo, eu nunca pude saber de quem eu era fã.



K: Como você percebe o mercado de quadrinhos nacional e a vida de quadrinista aqui no Brasil?
R: Percebo que não existe mercado de quadrinho nacional. Existem ótimos quadrinistas nacionais mas não existe mercado para eles, ai tem que optar por ir para fora do país. A vida é difícil, trabalho com isso há uma década e consigo sobreviver com trabalhos fora dos quadrinhos como ilustrações publicitárias. Quadrinhos mesmo saíram 3. Agora com Crepusculinho estou ganhando visibilidade. Por enquanto apenas de um grupo seleto de pessoas que curtem a saga de Stephenie Meyer, mas pretendo lançar material próprio e ver se agrada também. Espero que sirva de vitrine.





K: O que você acha da tendência de se utilizar a Internet como meio de divulgação de artistas nacionais – e mesmo internacionais - através de quadrinhos virtuais, blogs e galerias como as do DeviantArt?
R: Acho ótimo. Fanzines têm a desvatagem de precisar de um investimento para fazer as cópias. Já a internet permite que com um baixo custo se atinja uma quantidade gigantesca de pessoas sem um gasto colossal. Por que o importante é criar algo e ter um publico que goste do que você faz. Para isso você precisa chegar até o público e não existe nada mais eficaz hoje em dia do que a internet para tal objetivo. Claro não dá pra criar algo visando se tornar fenômeno, tem que ir produzindo e ter paciência, uma hora o povo te descobre.





K: Como é que está sendo lidar com a fama vinda com o Crepusculinho e toda essa rotina de participar de eventos, dar autógrafos e etc?
R: A fama é mais virtual, em 7 meses apenas uma pessoa me parou um dia e pediu autógrafo fora de evento. Foi durante um pocket show da Malu Magalhães na Fnac de Campinas. A fama está apenas entre um grupo seleto que adora Crepúsculo. Eu gosto, muito aliás de conhecer pessoas e interagir. Acho que é o mínimo que posso fazer pelo carinho e atenção dispensada para meu trabalho. E eu sempre quis ser conhecido como desenhista, mas pensava que seria rodeado de garotos fãs do Batman querendo autografo por que eu fiz uma edição genial. E Deus me abençoou que invés de garotos estranhos, barulhentos, suados cheirando a Cheetos, tenho um público de garotas simpáticas, faladeiras e cheirando a Rexonna Teen...infinitamente melhor que cheiro de Cheetos hsuahsuahushausa. Bem eu sempre me dei melhor com garotas, tenho muitas amigas, acho que é até algo meio natural acabar atingindo esse publico, mas tem garotos que curtem também.

Na questão dos autógrafos eu acho estranho autografar um livro que eu não escrevi. Mas é divertido porque ilustra uma história que tantos amam. Os eventos são um meio de poder encontrar pessoas que acabo conhecendo virtualmente e isso é bom, acho legal conhecer as pessoas, sou acessível, não existe motivo pra ficar escondido.

Onde encontrar o trabalho do Robson Reis:
http://carademacaco.blogspot.com/
http://neuroclick.blogspot.com/
http://foforks.com.br/


*Esta entrevista também está disponível no site Abacaxi Atômico