terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal, Presentes e tudo mais!

Confesso a todos vocês que 2010 foi um ano muito difícil para mim em muitos aspectos. Perdi minha avó, a avó do meu namorado e meu sogro, que morreu faz duas semanas e de quem eu gostava muito. Tive duas doenças sérias no começo do ano (pneumonia e depois uma infecção nos rins). Tive amigos que sumiram nas areias do tempo...

Na verdade, acho que foi um ano complicado para muitas e muitas pessoas.

Não vou mentir que ando um pouco cansada de tudo... E que muitas e muitas vezes não consegui manter a periodicidade do Expresso e do Tsuru como eu deveria, e peço desculpas.

2010 não foi de todo ruim, é verdade. Também conheci pessoas maravilhosas e estou feliz com a minha faculdade como nunca estive antes – e quem disse que trabalhar com arte é vida boa, está enganando, nunca ralei tanto.

Queria agradecer a todos vocês que de um modo ou de outro me ajudaram mesmo sem saber. Especialmente gostaria de agradecer à Juju e a Regis, que foram meus ombros e colo virtuais neste ano. E também ao Amer, pelo carinho. Sem falar dos amigos "de perto", sem os quais seria difícil sorrir.

Enfim, não estou me despedindo de vocês, mas deste ano estranho que foi 2010.

Aproveitando a deixa, queria passar para vocês alguns presentes de fim de ano.

Como a Lulu bem disse no Coruja, se nos fosse possível, presentearíamos cada um de vocês, mas...

Bem, vamos sortear kits de presentes para nossos leitores.

São três kits, que incluem marcadores de livros, um calendário de mesa do Expresso e, cortesia do Dé e da Dani, blocos de notas estilo moleskine (aqueles cadernos de desenho chiquerrérimos)






Para participar é muito, muito simples: basta ser seguidor do Expresso e/ou Amaterasu.

Eu ia reformular os sites de modo que eles voltassem a ser páginas do Blogspot, mas meu PC explodiu (não me perguntem como, minha tia me fez esse favor).

Portanto, se cadastrem como seguidores do Tsuru para concorrerem. ^^

E comentem também neste post.


Imitando a idéia da Lulu no Coruja, para facilitar nossas vidas, façam assim: o primeiro que comentar coloca:

1. Fulano de Tal

O seguinte escreve seu nome logo abaixo, continuando a lista

1. Fulano de Tal
2. Sicrano de Tanto

O sorteio do Expresso vai ser no dia 31/01 (portanto se você não ganhar na promoção do Coruja, ainda tem uma chance aqui ^^).

A promoção só é válida para território nacional.. Leitores do Tsuru também podem participar.


Abraços e Feliz Natal da Katchiannya!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Alma



Exibido aqui no Brasil no AnimaMundi 2009, Alma foi o primeiro curta de animação dirigido por Blaas, com participação de profissionais renomados do ramo (o animador francês Bolhem Bouchiba, os designers de personagem Carlos Grangel e Sergio Pablos, o diretor de arte Alfonso Blaas e compositor e designer Tom Myers).

O curta recebeu vários prêmios e abriu caminho para uma versão longa-metragem, dirigida pelo próprio Blaas, produzida por Gullermo Del Toro pela Dreamworks.

A melhor definição que já vi desse curta foi: “Pixar encontra com Além da Imaginação”.

E, como já aprendemos em Coraline, bonecas com parecidas com a gente não são bom sinal...

Confiram o vídeo abaixo!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Expresso e Katchiannya no Lady's Comics



Dia 16 de outubro foi o lançamento oficial do blog/site Lady's Comics na Casa dos Quadrinhos.

Não conhece? Então não sabem o que estão perdendo. ^^ Com a palavra as donas do site.


O que é o Lady’s Comics?

Lady’s Comics é um blog que foi criado a partir da necessidade de ter no ciberespaço um lugar que falasse da banda desenhada com uma visão feminina. Por isso, Mariamma Fonseca, jornalista, Luciana Cafaggi, ilustradora e Samanta Coan, designer lançaram no dia 1 de setembro o blog Lady’s Comics. A receptividade na internet foi muito boa, no segundo dia de lançamento aconteceram mais de mil visualizações. Desde esta data ele se mantém nessa média. Além disso, o blog foi noticiado em vários lugares, inclusive no caderno de suplemento juvenil “MEGAZINE” do jornal O Globo – segundo jornal mais lido do país.
O projeto de blog Lady’s Comics está além do conceito de blog tradicional. Procuramos nos dedicar diariamente em textos e pesquisas que envolvem o tema Banda Desenhada.
Não queremos fazer um embate ou briga entre os sexos! Rsrs Mas mostrar que os quadrinhos também fazem parte do sonho de algumas mulheres. Mostrar quem são o que desenham e como procuram se destacar no mercado. Vamos mostrar como é o ofício de ilustradora, chargista, cartunista e tantas profissões que permeiam este universo na vivência e visão feminina. E claro falar de seus lançamentos, novidades e história


No evento, elas lançaram o Varal das Ladies, onde foram expostos desenhos de vários artistas, inclusive desta escriba que vos fala. Mandei meu trabalho de faculdade chamado Limpando o Quarto. Uma história em quadrinhos feita em 4 dias, que vocês podem conferir clicando na imagem abaixo:




A Dani, nossa ilustradora oficial do Expresso Hogwarts também marcou presença, com um desenho/painel.

Mulheres nos Quadrinhos


Comentário da Dani: Enfim, minha idéia inicial era um desenho pequeno e simples, mas como ninguém segura a minha criatividade quando ela sai da jaula, acabou por sair um desenho dividido em oito! Então aproveitei o feriado e cai de cabeça nele. Deu um certo trabalho, mas gostei do resultado final (apesar do meu pescoço estar doendo os infernos de tanto ficar curvada sobre a prancheta...).
E também decidi fazer uma espécie de homenagem e usei todas as meninas do Expresso nele. Tem todas que eu já havia desenhado mais a Yvaine. E como cada uma delas tem uma personalidade diferente, acabou por diferenciar bastante uma da outra e ficou bem legal. Pelo menos eu gostei bastante. Tentei deixar a feminilidade bem evidente para contrastar com os quadrinhos, embora não tenha dado para caprichar muito nos cenários (não como eu gostaria de ter feito, pelo menos).

O evento foi bem divertido. Teve sorteios de livros, quadrinhos, cadernos costumizados e muito mais.

Para quem quiser mais detalhes, indico os links abaixo:

ladyscomics.com.br/agradecimentos-e-imagens

flickr.com/ladyscomics/

casadosquadrinhos/ladys-comics-festa

area171/festa-de-lancamento-do-blog-ladys

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Caminho da Roça (Saino a Percurá - atualizado 26/05/17)



Marcelo Lelis, mais conhecido simplesmente como Lelis, é provavelmente um dos artistas mais expressivos, completos e talentosos do cenário nacional.

Lelis já foi ilustrador do jornal Estado de Minas e da Folha de São Paulo, já tendo participado de vários Salões de Humor e de quadrinhos pelo Brasil, ganhando também vários prêmios. A segunda história de Saino a Percurá, "Neo Liberal", apareceu primeiramente na 3ª Bienal de Quadrinhos, em 1997, na qual foi premiada.

Ele também participou de uma das histórias do especial Mauricio de Souza 50 anos, protagonizada pelo Chico Bento.

A Editora Casa 21 publicou sua série de ilustrações sobre Ouro Preto, Congonhas, São João del Rei, Tiradentes e Diamantina em 2005.

Vencedor do Prêmio Jabuti, o mais importante prêmio literário do Brasil, ilustrou os livros “Aquilo que Não se Vê”, com texto de Clovis Levi, e Hortência das Tranças, com textos e ilustrações de Lelis, ambos publicados  Editora Abacate

Seu talento é reconhecido não apenas no Brasil, mas também internacionalmente. Em 2002 foi convidado para participar do Festival de Angoulême, um dos mais importantes festivais de quadrinhos do Mundo, na exposição Traits Contemporains!

Em 2009, publicou também no mercado exterior dois trabalhos: o álbum Dernières cartouches (Últimos cartuchos), pela editora francesa Casterman, com roteiro de Antoine Ozanam, uma história ambientada na Guerra Civil Americana e uma história na antologia sérvia Stripolis. Em 2011 também participou de uma coletânea canadense: The Anthology Project (Lucidity Press, 2011).

Em 2013, Marcelo Lelis ganhou exposição em sua homenagem no 8º FIQ, e, em 2016, foi um dos convidados da CCXP, participando do Artist’s Alley, no qual levou a coletânea de uma série de ilustrações que trazem super-heróis americanos, como Mulher Maravilha, Flash, Superman, em cenários das cidades históricas de Minas Gerais.

Um dos seus trabalhos mais marcantes (e um dos meus favoritos) é o álbum Saino a Percurá, publicado originalmente em 2001 através da Lei de Incentivo à Cultura.

Com traços pouco convencionais, uma linguagem próxima da linguagem do povo e texto ritmado mesmo quando não há rimas, Saino a Percurá lembra muito as obras de literatura de cordel, especialmente a primeira história (que dá título ao álbum). Aliado a tudo isso, ainda temos nas histórias um fundo de crítica social deliciosamente sutil e ao mesmo tempo cáustica. Com todos esses elementos reunidos, não há como negar que estamos diante de uma obra-prima.

A história título é de um absurdo incrível: conta a fábula de um desafortunado filho de um pato e uma galinha (?!), cujo possível destino certo seria a panela. Entretanto, contrariando essa premissa, ele acaba por surpreender a todos que o conheciam. A segunda história, a já citada "Neo Liberal", poderia também se chamar uma tragédia sertaneja ou "saindo do fogo para cair na frigideira", mostrando, de forma curta porém crítica, a ironia do destino de muitas mulheres do interior, cujas escolhas na vida (ou as escolhas que a vida faz para elas) acabam sempre por levar a um desfecho amargo.

Já a terceira história, "Mudernidades", é uma crítica sagaz à televisão, ou melhor: ao processo de zumbificação promovido pela TV, especialmente nos membros das camadas mais carentes da sociedade, que volta e meia vivem suas vidas mais pelo que acontece com os personagens de uma novela ou de um programa que por aquilo que ocorre em suas próprias vidas.

Saino a Percurá é um trabalho único e especial, caracterizando a vida no interior de forma genuína e sincera, embora carregada de crítica, mostrando-se uma obra verdadeiramente brasileira.

O álbum foi relançado pela editora Zarabatana e traz mais dez outras histórias: algumas inéditas, outras publicadas em coletâneas independentes nacionais (Ragu e Graffiti 76% Quadrinhos), estrangeiras (a citada The Anthology Project), e duas que foram vencedoras do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (edições de 1997 e 1998).



Lugares para encontrar o trabalho do Lelis:
https://www.instagram.com/aqualelis/
https://www.facebook.com/lelis.67/
http://aqualelis.blogspot.com.br/
Sexta, 2 de junho DE 2017 às 19:00 - 21:00
Sesc Palladium
Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro |ENTRADA GRATUITA

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Verdadeira Vida de Inseto

Quando nos deparamos com as novidades tecnológicas dos dias de hoje e nos maravilhamos com os efeitos em 3D ou nos emocionamos com a animações da Pixar, não apenas pelo seu apuro técnico, mas também pela profundidade e riqueza de suas histórias, acabamos nos esquecendo de que, antes deles, vieram muitos pioneiros, hoje, muitas vezes esquecidos ou eclipsados pela sombra da Disney.

Enfim, aproveitando a deixa da minha atual aula de Panorama de Cinema de Animação, sempre que eu puder, estarei postando e comentando aqui alguns animadores clássicos (outros talvez mais contemporâneos)

O primeiro deles é Wladyslaw Starevich (ou Ladislaw/Ladislas/Ladislav/Starevitch/Starewich/Starewitch), animador russo, que pode ser considerado um dos pioneiros do cinema de stopmotion.



Filho de poloneses, Starevich trabalhava originalmente como etmologo , sendo diretor do Museu de História Natural de Kaunas. Seu interesse pela animação veio da necessidade de se mostrar através do cinema o ciclo de vida dos insetos, contudo, pela dificuldade de se filmar esses animais, recorreu ao stopmotion.

Entretanto, Starevich acabou indo além da documentação cientifica, criando filmes cujas histórias eram protagonizadas por insetos e animais. Ele conservava o corpo dos insetos, substituindo as patas por articulações de arame, mais fáceis de manipular e menos frágeis.


Nesse período, mudou-se para Moscou, chegando mesmo a ganhar uma medalha dada pelo Czar.

Depois da revolução russa, fugiu para a Polônia, onde morou por um breve período, antes de se assentar definitivamente na França, local no qual aprimorou sua técnica, refinando seu talento.

Para compreender a genialidade e a inventividade de Starevich, nada melhor que assistir a seus filmes, especialmente, "A Vingança do Cameraman" (1912), possivelmente seu filme mais famoso.

Assistam e compreendam que Starevich é um daqueles casos em que a técnica é apenas uma ferramenta para a expressão de algo verdadeiramente artistico e surpreendente.




Agradecimentos Gostaria imensamente de agradecer a todos pelas dicas sobre desenhar, desenhar e desenhar. Os conselhos me ajudaram bastante e me deixaram mais tranquila... Sempre que eu posso estou rabiscando em algum luga, nem que seja algo completamente abstrato. Espero ir melhorando de pouquinho em pouquinho. Novamente, obrigada mesmo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Little Help from my Friends



Não é muito a praia do Tsuru, mas eu realmente preciso de uma GRANDE ajuda e estou postando em um tanto de lugares para ver se alguém me dá uma luz. ^^

Fiquei sete longos anos sem pegar em um lápis, sem desenhar absolutamente nadica de nada e agora estou tentando retomar.

Sinto que meu traço deu uma declinada, está mais duro que no meu melhor de sete anos atrás...

E mesmo eu fazendo aulas de desenho, estou tendo dificuldades.

O primeiro motivo é que estou apanhando de perspectiva – talvez mais por fobia que por qualquer coisa, entendo a construção dos cenários, a questão dos pontos de fuga quando explicam, mas, quando eu vou fazer, simplesmente me dá um branco completo.

Alguém teria sugestão de sites ou livros que tenham exercícios que eu possa fazer quase todos os dias, mas que não seja nada demorado?

Já estou fazendo alguns exercícios, mas queria um pouco mais de possibilidades. Além de coisas mais “passo a passo” ou com o resultado final à vista para eu poder comparar.

O que vem o meu segundo motivo das minhas dificuldades. Tempo. Ou melhor, a falta dele...

Eu trabalho de 8:30 da manhã até às 5: 00 da tarde, daí, pego o busão para a facul e só chego em casa quase 11 da noite. Sábado eu trabalho pela manhã e faço aula até às 18 horas.

Enfim, fim de semana estou morta. :P

E no meio das contas deve me sobrar uma meia hora para praticar...

Todo mundo fala: desenhe para saber desenhar... Mas quando?

Ao mesmo tempo que, sabiamente, me disseram que eu não posso sangrar na frente do papel, pois de nada adianta, por outro lado também não posso ficar parada.

Idéias de exercícios, temas ou qualquer coisa para eu me dar um empurrãozinho?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Beyond Wrong

Conheça tirinhas inspiradas em nerds reais como eu (que aliás realmente estou lá) e você, onde as coisas geralmente acabam sendo muito erradas.

Clique abaixo para conferir

quarta-feira, 21 de julho de 2010

The Little Match Girl Seller



Mostro para vocês outro trabalho de faculdade deste semestre. Um site inspirado no conto A Pequena Vendedora de Fósforos do Hans Christian Andersen.

Uma das histórias mais tristes e ao mesmo tempo bonitas que já li (durante toda a minha infância meio que fiquei traumatizada com este conto, mas quem conhece o Andersen sabe o quanto suas histórias são terrivelmente crueis em sua maioria)

Os desenhos são do meu amigo Leo, a parte da árvore de Natal foi feita pela Barbara. Eu e o Arthur trabalhamos no webdesigner e no html.

A idéia era fazer um site totalmente sem palavras, apenas imagens.

Clique abaixo para conferir

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Katchiannya no Deviantart



Montei um DevanatArt para mim com alguns trabalhos antigos e as coisas que estou atualmente fazendo na faculdade. Espero que gostem:

Clique abaixo para conferir


http://katchiannya.deviantart.com/

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Anima Mundi Drops

Pela já famosa e constante falta de tempo, não pude organizar o artigo a ser publicado no Tsuru hoje, mas, para não deixa-los na mãe resolvi postar curtas de uma edição mais antiga do Anima Mundi que eu gosto bastante.

Para quem não sabe: O Anima Mundi é um festival de animação que ocorre anualmente no mês de julho nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil.

Iniciado em 1993, é o maior da América Latina. Durante o festival são exibidos curtas, médias e longas-metragens, seriados e comerciais. As linguagens narrativas e técnicas são as mais variadas e o festival não exige nenhum critério específico.
(fonte: Wikipedia)


Continuando nossa viagem pelo Anima Mundi,trago a você um trabalho de Alexander Petrov, um russo insanamente genial, que faz animações pintando sobre placas de vidro.

O mais famoso dele é O Velho e o Mar, que é possível de ser encontrado no You Tube, mas resolvi postar meu favorito: My Love.






quarta-feira, 5 de maio de 2010

Feito gatos e ratos

Por Katchiannya Cunha



Assim como o cinema, os quadrinhos são vistos pela maioria das pessoas como uma mídia descompromissada, entretenimento puro. Mas percebe-los somente como uma diversão é negar as potencialidades criativas e críticas dessa forma de arte. Assim como no cinema, onde para cada Independence Day existe um Apocalipse Now ou para cada filme da Xuxa existe um Cidade de Deus, também nos quadrinhos existem obras artísticas, de caráter mais experimental e mais reflexivo. Dentre as obras em quadrinhos dessa segunda vertente, uma que realmente merece ser relida e novamente divulgada para o grande público é Maus, de Art Spiegelman.

Maus é uma das mais premiadas histórias em quadrinhos do século XX, sendo agraciada não apenas com prêmios concedidos por profissionais do ramo, mas também por outras associações, tendo recebido inclusive o famoso prêmio Pulitzer. Para quem não sabe, o Pulitzer é um dos maiores prêmios jornalísticos dos Estados Unidos, mas que também contempla outras áreas de criação, como as produções literárias e fotográficas.

Escrita e desenhada por Art Spiegelman, a série é dividida em dois volumes e narra a história de Vladek e Anja (lê-se "Ania") Spiegelman, pais do quadrinista, durante a Segunda Guerra Mundial, tudo pela perspectiva de Vladek, que narra a história para o filho anos depois.

Vladek e Anja eram judeus. Ela, de uma família bastante abonada; ele, nem tanto. E, como a maioria dos judeus da época, independente de sua classe social, viram seu mundo mudar radicalmente com o advento do nazismo e o início da guerra.

No primeiro volume, Spiegelman começa contando a história dos pais: como se conheceram e se casaram, e como a vida de luxo da família de Anja foi se deteriorando com o passar do tempo, com os direitos e a liberdade dos judeus ficando cada vez mais restritos. Posteriormente, a mudança da família para o gueto e as posteriores fugas e os esconderijos para que não fossem capturados e enviados para os campos de concentração ou mortos. No volume seguinte, Vladek e Anja foram capturados e se encontram em Auschwitz. Toda a vida no campo é contada em detalhes, inclusive com o mapa de uma câmara de gás.

Em ambos os volumes, a narrativa dos acontecimentos da Segunda Guerra é entremeada por diálogos e situações ocorridas no período em que Art estava trabalhando no projeto, em especial de situações de interação entre pai e filho, que muitas vezes parecem não ter nada a ver com a "história principal", mas dizem muito da personalidade de Vladek.

Sendo um acontecimento tão marcante na recente história da humanidade como uma ferida que não quer fechar, milhares de produções artísticas sobre a Segunda Guerra já foram realizadas. Mas, infelizmente, a maioria delas retrata o conflito de forma simplista, em tons de preto e branco. Normalmente, as vítimas são retratadas como santos e os aliados (principalmente os americanos) como heróis sem mácula, apenas como exemplo de máxima virtude.

Maus se destaca, diferenciando-se da maioria dessas produções por ser uma daquelas poucas obras que tem a coragem de mostrar toda a crueza da guerra em fortes tons de cinza. Spiegelman consegue transmitir toda a insanidade do período sem meias palavras, mas sem ser apelativo. Todo o horror da guerra está lá, e nos choca e emociona, sem ser piegas ou autocomplacente.

Vladek é o "herói" da história, mas não é perfeito. Na realidade, é uma pessoa no mínimo insuportável: mesquinho, racista, rancoroso e avarento, principalmente com seus familiares - o filho Art e sua segunda esposa. Ao mesmo tempo, é uma pessoa inventiva, criativa, inteligente e perspicaz, que fez o possível e o impossível para sobreviver. Ele desperta nos leitores sentimentos bastante ambíguos. O mesmo pode-se dizer das demais personagens, mesmo as secundárias, todas tão palpáveis e complexas como qualquer pessoa comum, tão boas e egoístas como se pode ser numa situação extrema como a que viviam no período.

O que mais chama a atenção na obra é o desejo de sobreviver, seja como for. Não é apenas um "cada um por si": existe ajuda, mas ela tem certo preço, este por vezes bastante justificável. Ou como diz Vladek a Art quando o filho, ainda criança, se desentendeu com alguns amigos: "Seus amigos? Se vocês os trancar num quarto sem comida por uma semana, aí você verá o que são amigos".

Outro ponto de destaque de Maus é a original idéia de Spiegelman em retratar as personagens como animais: os judeus como ratos, os nazistas, gatos, os americanos são cães, os poloneses são porcos e os franceses, sapos. Em parte, essa idéia parece ter vindo de uma frase do próprio Vladek, tendo ele afirmado que talvez com sua história seu filho poderia ficar famoso como Walt Disney - um dos poucos cartunistas que ele conhecia, cuja uma das criações mais famosas é, como todos sabemos, o rato Mickey. Tal caracterização acaba por enriquecer ainda mais a obra, principalmente se levarmos em conta o contraste do teor pesado de sua história com a presença de animais protagonizando-a, destoando totalmente da expectativa que possuímos quando animais humanizados são utilizados em uma narrativa. Ao invés do mundo cor de rosa típico da Disney, a situação retratada ali não poderia ser mais negra.

Spiegelman já foi procurado por diversos estúdios com propostas de transformar Maus em filme, mas o cartunista recusou todas, pois acredita que os quadrinhos são o formato ideal para sua história. Chegou a afirmar: "Não entendo porque em nossa cultura ninguém parece acreditar que algo não é real até que seja transformado em filme".

De qualquer maneira, se Maus fosse um filme com certeza o resultado seria algo muito mais próximo de O Pianista do que de O Resgate do Soldado Ryan ou Pearl Habour. Se por si só Maus se coloca como uma obra forte e marcante, que nos leva à reflexão, em tempos estranhos como esses que estamos passando, com a guerra entre Estados Unidos e Iraque (também conhecida como a "Guerra de Bush"), sua leitura se mostra imprescindível e essencial.

Os dois volumes de Maus já foram publicados no Brasil pela Editora Brasiliense e posteriormente reunidos em um único volume pela Companhia das Letras. Para quem mora em BH, a Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFMG tem um exemplar do primeiro volume da série e a Biblioteca da Casa dos Quadrinhos tem a versão completa da Companhia das Letras.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Guerra das Galáxias


Hoje eu decidi resgatar uma das minhas séries favoritas de animes do meu tempo de menina: a primeira série de Macross, mais conhecidas por aqui como Robotech (embora a história seja um pouco mais complicada) e que, inclusive, chegou a ser publicada em quadrinhos aqui no Brasil

Exibida por aqui no fim dos anos 80 e início da década de 90 pela Rede Globo, Robotech era na realidade a junção de três animes japoneses: Super Dimensional Fortress Macross, Super Dimensional Cavalry Southern Cross e Genesis Climber Mospeada, que em princípio não possuíam nenhuma relação entre si a não ser o fato de serem animes mecha (de robôs gigantes) que envolviam batalhas espaciais. A responsável por essa bagunça foi a produtora americana Harmony Gold, que comprou os direitos da bem sucedida série japonesa Macross para exibi-la nos States. Na época, havia uma regra idiota de que uma animação deveria ter no mínimo 65 episódios por temporada para ir ao ar, e como Macross só tinha 36, resolveram costura-la com as demais séries fazendo algumas edições, adaptando nomes e alterando a ordem de alguns fatos.

E apesar dessa manobra Frankstein, a série fez muito sucesso nos Estados Unidos, especialmente seu primeiro arco de histórias que diz respeito exatamente ao Macross original - dos três animes, este foi o que praticamente sofreu o menor número de cortes. Precisamente este arco de histórias foi o exibido pela Globo (e um pedaço da segunda parte, calcada em Southern Cross). Posteriormente, a Record e a Gazeta/CNT exibiram a versão original de Macross (também chamada de Guerra das Galáxias) sem os cortes, mantendo o nome das personagens e as músicas originais em japonês. A série original Macross deu origem a diversas outras séries no Japão, que infelizmente nunca chegaram a serem exibidas por aqui.



Em Macross, no ano de 1999 uma enorme nave alienígena cai na Terra. Prenúncio de uma provável invasão. Com esse receio, os cientistas do planeta começam a investigar a nave e se apropriar de sua tecnologia, o que resultará nos caças Valkyrie, capazes de se transformar em robôs, e no cargueiro espacial SDF-1 Macross, que possui a mesma capacidade. Dez anos depois, a Terra está sob o ataque da raça alienígena Zentraedi (Zentraady, no original), que veio ao nosso planeta em busca da nave perdida. Muito maiores que os habitantes da terra, os Zentraedis parecem não desenvolver o uso das emoções, nem relações afetivas, especialmente as amorosas, o que os deixa chocados diante dos humanos.

Por um acidente, durante um ataque o SDF-1 Macross e uma cidade próxima são transportados para os confins do sistema solar. Agora, eles tentam se adaptar aos conflitos entre as populações civil e militar da nave, ao mesmo tempo em que tentam voltar para casa e derrotar os alienígenas em seu caminho.

Contudo, o foco principal da história não é exatamente as batalhas espaciais, mas sim as relações estabelecidas entre as personagens, em especial no triângulo amoroso vivido pelo piloto Rick Hunter/Hikaru Hishizo, a cantora Lynn Minmei e a primeira oficial da nave, Lisa Hayes/Misa Hayase. Tanto Rick quanto Lisa se tornam soldados por influências de membros de suas famílias. Ela inspirada por seu pai, um famoso comandante, e ele por seu irmão mais velho Roy Fokker, um dos melhores pilotos da frota, que infelizmente morre quase que no começo da série.

Outras personagens importantes são o Capitão Henry Gloval, que comanda a SDF-1 Macross, o piloto Maximillian Genius e sua esposa Millia. Millia era na realidade uma Zentraedi, que foi reduzida ao tamanho humano para espionar a nave, acaba se apaixonando por Max e se casando com ele (e confesso que são dois dos meus personagens favoritos).
No fim de tudo, apesar de todas as guerras e batalhas, o que faz com que a guerra acabe é o poder do amor, mais claramente uma canção de Minmei que, ouvida pelos Zentraedi, desperta neles sentimentos e emoções que os alienígenas acreditavam não mais existir.

A Panini foi a responsável pela revista inspirada na série, mais especificamente nesta parte da história. Produzida totalmente nos Estados Unidos por americanos, Robotech conta o que aconteceu depois e antes da série televisiva. A história começa em 2015, com o agora Capitão Hunter num primeiro momento enfrentando rebeldes Zentraedi. Posteriormente, a história muda de rumo e somos levados de volta a 1999, aos tempos em que Rick e seu irmão Roy Fokker viviam no circo voador da família, e logo depois ao momento em que ocorrerá o evento Macross (a queda da nave).

No primeiro número, para quem é fã da série animada mal deu para matar saudades das personagens. Tudo, personagens, as situações e os eventos importantes, estão sendo apresentados praticamente na base do conta-gotas. Para quem nunca assistiu ou ouviu falar sobre o anime fica difícil entender qual será o rumo da história.

Ainda assim dá para se envolver com a história em certos momentos, especialmente naqueles que mostram o relacionamento entre os irmãos Rick e Roy, uma mistura de cumplicidade, admiração e amizade. Quem era fã do anime também acaba por aproveitar muito mais alguns pequenos detalhes da revista - como, por exemplo, o fato de que o almirante Hayes era inimigo do Capitão Gloval, levando-se em consideração que posteriormente estarão do mesmo lado e a filha de Hayes, Lisa, será o braço direito de Gloval no SDF-1 Macross.

Talvez o que realmente tenha faltado foi a Panini fazer uma introdução do que foi Robotech, apresentando a animação e os personagens à nova geração e relembrando certos fatos aos antigos fãs. Afinal, tem quase uns dez anos que o desenho foi exibido no Brasil pela última vez.

Para quem quiser conhecer a história "real", eu recomendo vasculhar a locadora mais próxima, pois alguns episódios foram lançados em vídeo ou, nesse nosso admirável mundo novo internético, baixar em algum fansub decente (junto com as suas continuações) . É claro que o ideal seria a série ser exibida novamente na TV. Sonhar não custa nada, não é?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Into the Shadow" mini graphic novel


Sei que hoje é dia de Tsuru, mas resolvi variar um pouquinho e fazer propaganda de um trabalho de uma quadrinista brasileira, atualmente morando nos Estados Unidos, o nome dela é Leticia Abreu Silva. Embora eu seja suspeita por ela ser minha prima, a Lele tem um traço delicado e expressivo e é uma excelente storytelling. Ela está precisando de ajuda para publicar a Graphic dela, se puderem dar uma ajuda, basta visitarem o site da Lele e contribuirem com o que puderem:

Saiba mais clicando no desenho abaixo:


http://www.kickstarter.com/projects/lele/into-the-shadow-mini-graphic-novel

terça-feira, 2 de março de 2010

Love & Rockets

por Katchiannya Cunha





Love & Rockets é a criação de três irmãos: Mario, Jaime e Gilbert Hernandez. Lançada há mais de vinte anos, a série começou de forma artesanal até se tornar um cult incontestável.

A idéia da publicação partiu do mais velho dos três, Mario, que convenceu os irmãos a publicarem a revista por conta própria. Enviaram então um exemplar para Gary Grouth, editor da renomada The Comics Journal e um dos mais ferinos críticos de quadrinhos nos Estados Unidos. Para surpresa do trio de irmãos, Grouth não só amou a revista como convidou os Hernandez a publicar suas histórias em um sistema mais profissional. Em 1982 saiu a primeira edição “oficial”.

Love & Rockets nunca foi um sucesso de vendas, mas acabou virando um cult quase imediato e até mesmo inspirou o nome de uma banda de rock inglês. Ironia das ironias, justo Mario, fundador da série, acabou abandonando a revista logo após os primeiros números, enquanto Jaime e Gilbert continuavam o trabalho, cada um abordando histórias e estilos completamente distintos.




Jaime criou as Locas, um grupo de garotas chicanas que vivem em um futuro recente. No começo, as histórias de Jaime tinham uma ênfase maior nos aspectos de ficção científica e aventura. Aos poucos, o lado pessoal e das relações entre as garotas se tornou o centro das tramas. As personagens principais são Margarita Chascarillo, ou Maggie, uma mecânica de foguetes de mão cheia que também é apaixonada pelo seu chefe, o mecânico Rand Race. Sua companheira de quarto e melhor amiga é Hopey, com quem Maggie tem uma relação um tanto quanto dúbia. Hopey tem uma banda de rock com Terry. Outra personagem importante é Penny Century, a fanática por quadrinhos de super-heróis e amante do milionário H.R. Castigan. Penny, visivelmente inspirada nas garotas dos famosos calendários de pin up dos anos 40 e 50, vive sempre metida em aventuras e confusões que dariam inveja à versão em quadrinhos da Betty Page. Temos também Isabel “Izzy” Ruebens Ortiz, a amiga esotérica da turma, que com o passar dos anos ficou cada vez mais estranha. Izzy por vezes serve como uma espécie de heterônimo de Jaime, uma vez que várias histórias são assinadas por ela.

Gilbert inventou a deliciosa cidade de Palomar, um lugarejo de pouco mais de 300 habitantes localizado em algum lugar da América Central. Gilbert é frequentemente comparado a Gabriel García Márquez (Cem Anos de Solidão) e a Jorge Amado (Tieta do Agreste) na sua criação de tipos latinos. Suas personagens vivem a miséria típica do interior terceiromundista, mas também vivenciam com intensidade a vida e as paixões. É difícil tecer em poucas palavras as qualidades da obra de Gilbert, é preciso ler para entender exatamente do que falo.

Assim como nas histórias das Locas, em Sopa de Gran Peña ou Heartbreak Soup, as personagens envelhecem, se casam, têm filhos que por vezes se tornam os protagonistas das próximas histórias. E não por um acaso, muitas vezes também histrias do passado das personagens são apresentadas, construídas como uma enorme colcha de retalhos que, aos poucos, vão fazendo sentido.

O primeiro arco de histórias conta a chegada de Luba ao vilarejo. Luba é uma sensual banãdora (ela tem uma espécie de casa de banhos) que se muda para Palomar em busca de uma vida melhor para ela e para a penca de filhos que traz na barra da saia. Ela abre um estabelecimento no lugar, mas arranja certos problemas, pois a bañadora oficial do lugar, Chelo (que antes havia sido parteira), não vai deixar barato a concorrência.

Mas a história não se resume apenas à rivalidade das duas. Como num típico filme de Robert Altman ou em Magnólia, de P.T. Anderson, o que realmente temos são várias histórias paralelas que de alguma forma estão interligadas e são na verdade uma desculpa para contar como é realmente o dia-a-dia de Palomar.
Além das já citadas Luba e Chelo, outras personagens importantes neste arco são Manuel e Soledad, dois amigos de infância e completos opostos em termos de personalidade. Manuel é o típico conquistador, não perdoa um rabo de saia e não acredita em fidelidade. Por isso tudo é considerado pelos meninos da vila como uma espécie de herói. Já Soledad é o cara letrado, sempre envolvido com livros e dono de uma descomunal timidez. A medida que a história se desenvolve, fica cada vez mais claro que a amizade dos dois se destina a terminar em tragédia.

Há também as irmãs Pipo e Carmen. Pipo é a menina mais bonita e cobiçada de toda Palomar, enquanto a mais nova, Carmen, é uma menina de personalidade forte, cujo atual projeto de vida é transformar o bobalhão da vila em um perfeito Dom Juan.
O nome Sopa de Gran Peña, como Pipo explica no decorrer da história, vem de uma sopa típica do lugar que é feita e tomada apenas por aqueles que tiveram seu coração completamente destroçado.

A série já foi publicada no Brasil no início dos anos 90, pela Record, como Love & Rockets, Locas, Mulheres Perdisas e Crônicas de Palomar. A Via Lettera publicou, posteriormente, uma coletânea, Sopa de Gran Peña, retomando algumas histórias já publicadas no Brasil.

Love & Rockets - Sopa de Gran Peña ainda pode ser encontrada em algumas comic shops e vale muito (muito mesmo) a pena. Já os exemplares da Recordsão quase impossíveis de encontrar. Se vir algum no sebo, compre sem pensar duas vezes Afinal, Love & Rockets - Sopa de Gran Peña tem uma qualidade literária raramente vista nos quadrinhos, mesmo naqueles ditos alternativos. Os irmãos Hernandez não têm medo de abordar temas mais fortes e ainda o consegue fazer sem ser apelativo ou vulgar. Gilbert, em especial, consegue mesclar em uma mesma história a aridez da vida de um vilarejo pobre com momentos de ternura e sensibilidade demonstradas por um povo que, apesar de todo o sofrimento e dificuldades, tem um enorme amor à vida.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Zumbilândia

por Katchiannya Cunha e Lucita "Hellsing" Nascimento





Quando em 1932, a Universal, em seu ciclo clássico de filmes de terror, lançou White Zombie, estrelado por Bela Lugosi, provalmente não imaginou que décadas depois o gênero mortos-vivos se tornaria tão “pop”quanto é nos dias de hoje.

Embora White Zombie não tenha tido, ao longo dos anos, uma repercurssão tão grande quanto Drácula, Frankstein ou O Lobisomem (refilmado recentemente e estrelado por Benício Del Toro), seu papel como pioneiro no gênero zumbis não pode nem deve ser esquecido.

Contudo, a caracterização desses desmortos mais arraigada no imaginário popular se deve aos filmes realizados por George Romero nos anos 60.

Foi a partir de A Noite dos Mortos Vivos (1968) que os zumbis se tornaram efetivamente ícones pop, resultando na criação de obras geniais (e outras nem tanto) que vão desde filmes como Extermínio (2002), quadrinhos como Os Mortos Vivos (HQM), livros como Guia de Sobrevivência a Zumbis(Ed.Rocco) ou jogos como Resident Evil e Left 4 Dead.

Zumbilândia é o herdeiro direto desse coquetel cultural envolvendoos comedores de cérebros. Contudo,assim como Todo Mundo Quase Morto (2004), possui os pés fincados na vertente humorística.

Nada é mais humano e revigorante do que rir da desgraça alheia! E por quê não rir da própria desgraça? Essa é a premissa de Zumbilândia.

A história não é nenhuma novidade: o mundo cai em um apocalipse zumbi, obrigando os poucos remanescentes ainda humanos a lutarem por sua sobrevivência seguindo suas próprias regras. Regras essas, seguidas à risca pelo protagonista Columbus (Jesse Eisenberg). Lembrem-se: em uma epidemia de zumbis os primeiros a morrerem serão os gordinhos, por isso, condicionamento físico é a regra número 1 para sobrevivência.

A história é narrada do ponto de vista do protagonista, que em suas desventuras se junta a outros três sobreviventes - Tallahassee (Woody Harrelson), e as irmãs Emma Stone (Wichita) e Abigail Breslin (Little Rock)- nada confiáveis em sua jornada. O filme relembra sempre as regras criadas por Columbus para analisar as ações dos personagens.

A abertura do filme é um espetáculo à parte, mostrando cenas em slowmotion em que pessoas fogem de zumbis em diversas situações enquanto esbarram nos créditos. Uma delas faz referência à James Bond, onde um homem com terno branco está atirando com uma metralhadora enquanto um zumbi se aproxima logo atrás.

A grande sacada de Zumbilândia foi captar o melhor de cada um dos seus “antecessores”.

Apesar dos aspectos cômicos do filme, os zumbis continuam seres assustadoramente asquereosos e nojentos tal como os seres putrefatos concebidos por Romero. De Extermínio foi preservada a idéia de mortos vivos ágeis e menos estúpidos que a caracterização usual. Algumas sequências têm o frenesi dos videogames
A cenas de ação são muito bem feitas e nesse aspecto quem rouba a cena é Woody Harrelson que faz o estereotipado caipira linha dura, mas que no final das contas tem um bom coração.

Contudo, grande parte do charme de Zumbilândia vem da química entre os personagens/atores, que conseguem convencer como a “família” formada a contragosto – pelo menos no começo – devido ao cataclisma zumbi.

Destaque também para a participação de Bill Murray, interpretando ele mesmo, inclusive com seus arrependimentos.

Zumbilândia consegue agregar em si elementos aparentemente excludentes e paradoxais: terror, comédia, ação, clima de filme B e estrutura de blockbuster, o que acabou por torná-lo um merecido sucesso de bilheteria.

OBS.: Espere até depois dos créditos, pois há uma cena extra.



Título original: Zombieland
Duração: 80 minutos (1 hora e 20 minutos)
Gênero: Terror
Direção: James L. Frachon
Roteiro:James L. Frachon, Guy Giraud
Ano: 2010

ELENCO: Jesse Eisenberg (Columbus),Woody Harrelson (Tallahassee) ,Emma Stone (Wichita), Abigail Breslin (Little Rock),
Amber Heard (406),Bill Murray (Himself)




E para quem se interessa por Zumbis, recomendo alguns textos do Coruja:

Os zumbis dominarão o mundo

Para ler: Orgulho & Preconceito... e zumbis

Zumbis: fazendo a autópsia - Parte I

Zumbis: fazendo a autópsia - Parte II

Zumbis: fazendo a autópsia - Parte III

Zumbis: fazendo a autópsia - Parte IV